Segundo Dr. Matheus Alencar, estudo evidencia que o medicamento usado para emagrecimento apresentou melhora hormonal significativa em pacientes com hipogonadismo funcional
Um novo estudo publicado em 2025 na Reproductive Biology and Endocrinology revelou que a tirzepatida — medicamento conhecido comercialmente como Mounjaro — pode ajudar a normalizar os níveis de testosterona em homens com obesidade e hipogonadismo funcional, sem necessidade de reposição hormonal. A descoberta tem chamado a atenção da comunidade médica e reforça a relação direta entre obesidade, inflamação e saúde hormonal masculina.
Segundo o médico Matheus Alencar, os dados do estudo oferecem novas perspectivas para o tratamento de homens que apresentam sintomas como cansaço excessivo, queda de libido e perda de massa muscular associados ao excesso de gordura corporal. "Esse estudo mostra algo importante: ao tratar a causa metabólica, nós conseguimos muitas vezes recuperar a produção natural de testosterona. Isso muda a forma como avaliamos e conduzimos esses pacientes", afirma.
O estudo: quem participou e o que foi observado
A pesquisa avaliou 83 homens com obesidade e diagnóstico de hipogonadismo metabólico, condição em que os níveis de testosterona caem devido ao excesso de gordura e inflamação crônica e não por falha primária dos testículos. A equipe dividiu os participantes em três grupos: o Grupo A recebeu tirzepatida; o Grupo B realizou apenas mudanças de estilo de vida; e o Grupo C fez reposição de testosterona em gel, tratamento tradicional.
Após dois meses, os resultados chamaram atenção. Homens tratados com tirzepatida apresentaram: aumento de testosterona total, livre e biodisponível; aumento de LH e FSH, hormônios que estimulam a produção natural de testosterona; redução de estradiol (E2), frequentemente elevado em homens com obesidade; redução média de 8% no peso corporal e na circunferência abdominal; e aumento de massa magra e redução de gordura corporal.
Os achados sugerem que o medicamento "foi eficaz em melhorar parâmetros metabólicos e indicadores hormonais gonadais", algo até então pouco explorado em estudos clínicos.
Por que isso acontece?
O Dr. Matheus Alencar explica que o excesso de gordura visceral funciona como um "desligamento metabólico" da testosterona. "A gordura e a inflamação crônica prejudicam diretamente o eixo hormonal do homem. Quanto mais alterado o metabolismo, pior é a produção de testosterona. Ao reduzir a gordura e a inflamação, a tirzepatida parece reativar esse eixo de forma natural", detalha. Os especialistas chamam a condição de hipogonadismo funcional e, diferente do hipogonadismo primário (causado por falhas intrínsecas nos testículos), consideram-na potencialmente reversível com melhora metabólica.
Tirzepatida substitui reposição hormonal?
Apesar do impacto positivo, o estudo é classificado como piloto — curto, com poucos meses de acompanhamento — e ainda não permite concluir que o medicamento possa substituir a reposição hormonal em todos os casos. "A mensagem não é que todo homem deve trocar reposição hormonal por tirzepatida. O que vemos é que muitos pacientes não têm um problema hormonal primário; eles têm um problema metabólico que afeta os hormônios. Isso muda completamente o raciocínio clínico", destaca o Dr. Matheus Alencar.
O que esse estudo representa para a saúde masculina
Para o Dr. Matheus Alencar, a pesquisa reforça algo que ele observa na prática clínica: "Emagrecer com saúde vai muito além da balança. Quando o metabolismo melhora, o corpo inteiro reage: energia, vitalidade, libido, massa muscular e disposição. E agora vemos que até os hormônios agradecem." O estudo também abre portas para futuras investigações, com maior número de participantes e acompanhamento prolongado, para identificar o real alcance da tirzepatida no tratamento metabólico e hormonal de homens com obesidade.