Com folha e osso: saiba como se limpava o dente antigamente
Sem tecnologia, itens tirados da natureza faziam sucesso na busca pelo sorriso perfeito
Hoje em dia, na hora de higienizar os dentes, basta pegar a escova com cabo anatômico e cerdas de nylon e aplicar uma pasta fluoretada e com sabor agradável para deixar o sorriso mais limpo e bonito. Mas como a higienização bucal era feita antes de todos esses itens existirem?
Segundo Paulo de Oliveira Bueno, diretor do Instituo Museu e Biblioteca de Odontologia de São Paulo, a princípio, a preocupação do homem era com o mau hálito. “Há estudos que mostram que desde muito antigamente o homem já fazia bochechos com uma mistura de hortelã e água para deixar o hálito mais agradável”, diz o especialista.
Mais para frente, itens tirados da natureza também foram usados para tentar deixar a aparência do sorriso mais bonita. “Alguns povos usavam galhos, folhas de árvores e penas para essa função. Outros, pequenas lascas de madeiras entendidas como ‘palitos’ e há até os que usavam as próprias mãos para fazer a higienização bucal”, diz Sandra Lipas Stuarbell, cirurgiã-dentista e pesquisadora.
O próximo passo da evolução da escova veio graças a um presidiário. “Foi na prisão, que um homem inventou um instrumento que chegou mais perto da ideia de escova que conhecemos hoje. Ele pegou um pedaço de osso de frango e prendeu pêlos de porco nele para limpar os dentes”, diz Paulo.
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O homem já usou galhos, folha e até palitos de ouro para limpar os dentes. Por um longo período as escovas eram feitas com um osso como cabo e pelos de animais como cerdas. Uma escova mais parecida com a que usamos hoje, achada por paleontólogos na Europa, tem cerca de 300 anos. As cerdas de náilon, como conhecemos, surgiu apenas em 1938.
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Os homens da caverna podiam não conhecer a escova de dentes, mas tentavam limpá-los com galhos e folhas de árvores. Os assírios usavam as mãos e dedos. Manuscritos encontrados na antiga Babilônia indicam que palitos de ouro eram utilizados para a higiene bucal há 3.500 anos a.C. Já os grego lançavam mão de penas de abutre e espinhos de porco-espinho. Até Aristóteles se preocupava com a saúde da boca. No século III a.C., o filósofo aconselhou Alexandre o Grande a limpar seus dentes com uma toalha de linho para tratar o sangramento das gengivas.
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O objeto que chegou mais perto de uma escova foi achado no Egito. Nada mais era que ramos de plantas, fibras vegetais ou raízes de árvores que, quando desfiados, pareciam um pincel. Conhecida como "chew stick" - ou palito de mascar - a escova era feita mastigando-se ou amassando as pequenas raízes até que as fibras de uma das pontas se soltassem o suficiente para formar uma escova rústica.
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No século XV, na China, a matéria-prima para as escovas eram pelos de animais, principalmente de porcos e cavalos, que eram amarrados a pedaços de ossos ou varas de bambu. O problema é que as escovas machucavam a boca das pessoas, além dos pelos acumularem umidade e acabarem mofando. Para agravar a situação, as famílias compartilhavam a mesma escova. Assim, um passava doenças bucais para o outro.
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Foi no século XVIII que ingleses apresentaram ao mundo uma escova dental mais moderna. A diferença é que e as cerdas de pelo de porco eram amarradas dentro de buracos perfurados no osso que servia como cabo. A escova mais antiga da Europa tem aproximadamente 300 anos e foi descoberta durante escavações arqueológicas em um antigo hospital municipal de Minden, na Alemanha.
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As cerdas de náilon, que usamos hoje, foram desenvolvidas em 1938 por Robert Hutson, nos Estados Unidos. Com o sucesso do novo modelo, muitos formatos foram testados desde então. Segundo o cirurgião-dentista, Hugo Roberto Lewgoy, hoje, sabe-se que o mais indicado é usar escova com fibras ultramacias com mais de cinco mil cerdas, o que permite que a higiene seja feita sem desgastar o esmalte dental ou machucar as gengivas.
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Napoleão e a escova de ouro
Depois disso, a escova começou a ganhar seu espaço, e se tornou um objeto de ostentação entre grandes nomes da história. “Na época de Napoleão e de alguns reis famosos, era comum encontrar escovas feitas de ouro ou prata”, diz o diretor.
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Daí para frente, os avanços não pararam mais. “A Segunda Guerra Mundial trouxe muita desgraça, mas também muitas descobertas históricas e tecnológicas que nos permitiram chegar até as escovas que usamos hoje em dia”, diz o diretor.
Pastas cheirosas e abrasivas
Todos os registros antigos de misturas que funcionavam como pastas de dentes mostram que o homem estava mais preocupado com o cheiro de sua boca do que em produzir algo para proteger ou limpar melhor os dentes.
Não à toa, todos usavam hortelã e menta como base desses produtos. “Pó de juá, flores, sal e água também faziam parte dessas misturas que deixavam a desejar, pois eram sempre muito abrasivas e danificavam o esmalte dental. Até a Princesa Isabel chegou a usar esse tipo de mistura”, diz Paulo.
Só em 1850 surgiu uma pasta de dente mais próxima das vendidas hoje. “O dentista americano Washington Sheffield inventou um pó para limpar os dentes feito de giz e sal que se tornou muito popular no país, naquela época. A ideia teve uma sacada ainda melhor quando o filho de Sheffield criou um tubo flexível para armazenar o produto fabricado pelo pai”, diz Sandra.
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No entanto, a versão fluoretada só surgiu em 1955, com a primeira pasta de dente com flúor, o primeiro produto da história a ser reconhecido no combate contra a cárie.
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