HIV/Aids: testagem precoce reduz infecções e salva vidas

Especialistas reforçam que diagnóstico rápido, prevenção combinada e informação sem estigma são decisivos no combate ao HIV no Brasil

21 dez 2025 - 17h00

A campanha Dezembro Vermelho, dedicada à conscientização sobre HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), ganha força em um cenário que exige atenção contínua.

HIV testagem precoce reduz infecções
HIV testagem precoce reduz infecções
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

Embora os novos diagnósticos estejam relativamente estáveis, os números mostram que o desafio permanece. Desde 1980, o Brasil já registrou 1.165.599 casos de Aids, com média anual de 36 mil novos registros nos últimos cinco anos, segundo o Boletim Epidemiológico HIV e Aids 2024, do Ministério da Saúde.

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Para o infectologista Paulo Antônio de Carvalho, do Hospital Estadual de Franco da Rocha, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, houve avanço no acesso ao tratamento, mas a prevenção precisa ser fortalecida.

"A procura pela testagem aumentou entre pessoas que passaram por situações de risco, o que é positivo. Ainda assim, precisamos acelerar o diagnóstico precoce para reduzir novas infecções", afirma.

Janela imunológica e precisão dos testes

Entre as principais dúvidas da população está a chamada janela imunológica, período entre a infecção e a detecção do vírus. Segundo o especialista, os testes de quarta geração, atualmente os mais utilizados, conseguem identificar o HIV entre 15 e 30 dias após a exposição. Já os autotestes possuem janela maior, em torno de 90 dias.

"Os testes rápidos têm precisão equivalente à dos laboratoriais. O erro acontece quando o resultado negativo é interpretado fora do tempo adequado", explica Carvalho, reforçando a importância da orientação profissional.

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PEP, PrEP e adesão ao tratamento

Buscar atendimento logo após uma possível exposição é fundamental para avaliar o uso da PEP (profilaxia pós-exposição). "A PEP funciona melhor quando iniciada imediatamente e deve ser usada por 28 dias. Após 72 horas, a eficácia cai significativamente", alerta o infectologista.

Já a PrEP (profilaxia pré-exposição) é apontada como ferramenta essencial para populações mais vulneráveis, desde que utilizada corretamente. "Ela não substitui a camisinha, pois não previne outras ISTs", ressalta.

Com adesão adequada ao tratamento, a maioria dos pacientes atinge carga viral indetectável entre 90 e 180 dias. Mantida por pelo menos seis meses, a condição garante que o HIV não seja transmitido por via sexual, conceito conhecido como Indetectável = Intransmissível (I=I). "Esse dado reduz o estigma e mostra que é possível viver com qualidade", destaca.

Atenção Primária como porta de entrada

A Atenção Primária à Saúde segue sendo o principal ponto de acolhimento para quem busca orientação ou apresenta sintomas sugestivos de ISTs. A clínica geral Juliana Almeida, da UPA Campos dos Alemães, em São José dos Campos, explica que sinais como feridas, corrimentos, febre persistente e linfonodos aumentados acendem o alerta.

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"O acolhimento sem julgamentos facilita que o paciente relate situações de risco", afirma. O fluxo inclui teste rápido já na primeira consulta, acompanhamento nas semanas seguintes e ações educativas contínuas.

Para os especialistas, ampliar a informação e combater o estigma são passos fundamentais. "Com acesso à testagem, prevenção combinada e adesão ao tratamento, é possível evitar novos casos e melhorar a vida de quem vive com HIV", conclui Carvalho.

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