Kaká Werá defende a reconexão com a ancestralidade e a superação da soberba humana para enfrentar as mudanças climáticas e compreender a relação de igualdade com a natureza como essencial para o futuro do planeta
Em entrevista ao podcast Futuro Vivo, o líder indígena e educador Werá refletiu sobre a relação humana com a Terra, principalmente em tempos de mudanças climáticas. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o ano de 2024 foi o mais quente já registrado na história e a tendência é que continue assim, a menos que ações possam reverter e mitigar o aumento de temperatura que está 1,55°C acima dos níveis pré-industriais.
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Para o pensador indígena, “salvar o planeta” é importante, mas parte da ideia de que o ser humano é superior à Terra. Traz um olhar de hierarquia, que não ajuda. "E já os povos indígenas, nós somos filhos dessa natureza, dessa grande mãe, ela é maior que a gente”, diz, ao explicar que se reconectar com a ancestralidade é entender essa relação com a natureza. Ele reforça que precisamos “olhar [a natureza] com o coração. Olhar com o coração, olhar com o pé no chão”.
“É urgentemente necessário excluir de nós essa característica de soberba, de superioridade sobre os animais, sobre as montanhas, sobre as plantas, sobre até outros povos. Temos que extirpar essa característica adquirida ao longo desses milênios por uma suposta superioridade intelectual. Isso é urgentemente necessário deixar de lado.”
Kaká Werá é escritor e educador, de origem indígena tapuia --ou seja, não de uma etnia indígena específica--, mas que se identifica hoje como parte do povo Guarani. Autor de onze livros e três traduzidos para outras línguas, Werá foi vencedor do Prêmio Jabuti 2024 na categoria Juvenil pela obra Apytama: Floresta de Histórias.
O podcast Futuro Vivo contará com 13 episódios e faz parte da plataforma de sustentabilidade homônima da Vivo. Os episódios são disponibilizados toda terça-feira no Terra e em plataformas de áudio (Spotify) e vídeo (YouTube). Além de Kaká, participam Carlos Nobre, Gilberto Gil (12/8) e Denise Fraga (19/8).
- A preservação do planeta passa diretamente pelo reconhecimento dos saberes ancestrais. A visão dos povos originários sobre as sociedades urbanas, a disseminação de sua cultura e o engajamento da juventude indígena serão temas presentes no Encontro Futuro Vivo, dia 26 de agosto, com transmissão ao vivo pelo Terra. Acesse encontrofuturovivo.com.br e inscreva-se.