Tráfico de animais vivos bate recorde em 2025, aponta Interpol após megaoperação

O tráfico de animais vivos atingiu níveis recordes em 2025, anunciou nesta quinta-feira (11) a Interpol, organização internacional de coordenação policial. A entidade divulgou os números de uma megaoperação que contou com a colaboração de mais de cem países e resultou na apreensão de quase 30 mil animais e na identificação de 1.100 suspeitos.

11 dez 2025 - 09h30

Na operação, realizada entre setembro e outubro, foram interceptadas 6.160 aves, 2.040 tartarugas, 1.150 répteis, 208 primatas, 10 grandes felinos e 46 pangolins — mamífero semelhante ao tatu —, além de outros 19.415 animais silvestres. Esse comércio está em expansão, impulsionado principalmente pela demanda por animais de estimação exóticos, afirmou a Interpol, cuja sede fica em Lyon.

Pangolim está entre os animais mais contrabandeados no mundo. Este tipo de crime atingiu novos recordes em 2025, aponta Interpol. (Imagem ilustrativa)
Pangolim está entre os animais mais contrabandeados no mundo. Este tipo de crime atingiu novos recordes em 2025, aponta Interpol. (Imagem ilustrativa)
Foto: REUTERS/Kham / RFI

A operação envolveu agências de segurança de 134 países, incluindo o Brasil. No Catar, por exemplo, as autoridades prenderam um indivíduo que tentava vender um primata ameaçado de extinção por US$ 14 mil nas redes sociais.

Publicidade

No Brasil, as autoridades identificaram 145 suspeitos e resgataram mais de 200 animais silvestres, desmantelando, em especial, uma rede de tráfico de micos-leões-dourados. Essas organizações "estão cada vez mais ligadas a todas as áreas do crime, do tráfico de drogas à exploração humana", afirmou o secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza.

Criptomoedas e custo de US$ 20 bilhões por ano

Como esse tipo de atividade criminosa vem sendo relacionada com frequência às criptomoedas, a colaboração transfronteiriça e o compartilhamento de informações entre as agências de aplicação da lei e as plataformas financeiras têm sido cruciais para rastrear os fluxos financeiros ilícitos, explicou a organização.

"Estima-se que os crimes contra a vida selvagem custem US$ 20 bilhões anualmente, mas a natureza clandestina desse comércio sugere que o valor real seja provavelmente muito maior", afirma o documento. Grandes mamíferos não são os únicos afetados: quase 10,5 mil borboletas, aranhas e insetos foram apreendidos, e o contrabando de animais marinhos protegidos também está em ascensão.

O maior volume de tráfico envolve restos ou subprodutos de animais destinados à medicina tradicional ou ao consumo. A Interpol também registrou uma escalada no comércio ilícito de "carne de caça" — ou seja, animais silvestres como macacos, girafas, zebras e antílopes —, com aumento significativo no fluxo da África para a Europa. Durante a operação, foram apreendidas 5,8 toneladas desse tipo de carne.

Publicidade

O comércio ilegal de plantas também atingiu níveis recordes. As autoridades apreenderam 32 mil metros cúbicos de madeira, segundo comunicado à imprensa, indicando que a extração ilegal representa entre 15% e 30% de toda a madeira comercializada no mundo.

Tema em pauta na COP20

No fim de novembro, o tema entrou na pauta da comunidade internacional durante a COP20, realizada em Samarcanda, Uzbequistão. O encontro reuniu os países signatários da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).

Entre os assuntos debatidos este ano estavam a proteção das enguias e o polêmico retorno das vendas de chifres de rinoceronte. A CITES — tratado assinado por 184 países e pela União Europeia — celebra em 2025 o 50º aniversário de sua entrada em vigor, em 1975, e desempenha papel crucial na diplomacia ambiental. Seu objetivo é proteger espécies da fauna e da flora silvestres ameaçadas pelo comércio ilegal e pelo tráfico.

(RFI com AFP)

A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações