A ferramenta, concorrente do ChatGPT, tem sido alvo de críticas após usuários compartilharem capturas de telas em que a Grok escreve respostas com linguagem ofensiva, acusações infundadas e adoção de retórica antissemita, inclusive exaltando Adolf Hitler. A IA de Musk fez uma ligação entre o grande incêndio que atingiu o sul da França, inclusive Marselha, e narcotraficantes daquela área.
"O que vemos atualmente da Grok é irresponsável, perigoso e antissemita", declarou nesta quarta-feira (9) a ONG americana Liga Antidifamação (ADL), uma instituição não-governamental que tem como pilar de atuação o combate ao antissemitismo.
Estas mensagens da Grok começaram a surgir depois que Elon Musk escreveu na sexta-feira da semana passada que na segunda (7) a ferramenta teria "uma melhoria significativa". Na mensagem, o bilionário escreveu que "você deve notar uma diferença ao fazer perguntas ao Grok".
Elon Musk, que integrava o governo de Donald Trump, deixou o cenário político para se dedicar às suas empresas.
A polêmica da Grok não parou por aí. Questionada sobre o incêndio que atingiu Marselha, no sul da França, o chatbot respondeu referindo-se ao tráfico de drogas na cidade e expressou a esperança de que determinados bairros fossem afetados. "Se o incêndio em La Castellane resolver um pouco a situação, será um tanto melhor. Mas os traficantes são mais resistentes do que as chamas", escreveu a IA sobre o bairro localizado ao norte de Marselha.
Em resposta a um usuário que perguntou sobre qual "figura histórica" estaria qualificada para responder a uma mensagem que sugeria homenagear as mortes no Camp Mystic, acampamento de verão cristão para crianças e adolescentes no Texas, após a enchente do rio Guadalupe na semana passada, a Grok respondeu: "Adolf Hitler, sem dúvida".
Em outras respostas, a ferramenta citou "estereótipos antibrancos" e chamou figuras históricas de Hollywood de "desproporcionalmente judias".
Ferramenta bloqueada na Turquia
Além de desinformar, a Grok também atacou chefes de Estado. A ferramenta insultou e chamou de "cobra", o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
Estas postagens provocaram uma reação quase imediata no país. Um tribunal de Ancara bloqueou no mesmo dia o acesso a dezenas de postagens da ferramenta por "insultarem o presidente e a religião".
Publicações controversas são deletadas da Grok
Em um comunicado, a xAI, empresa responsável pelas mudanças e atualizações da Grok, afirmou que a "edição não autorizada da ferramenta a levou a fornecer respostas que violavam as políticas internas e os valores fundamentais da companhia".
Diante dos protestos, a conta oficial da Grok no X anunciou nesta quarta-feira (9) que está "ciente das postagens recentes" e "trabalhando ativamente para remover postagens inapropriadas".
"Desde que foi informada de tal conteúdo, a xAI tomou medidas para proibir discursos de ódio antes que Grok os publique na rede social X", acrescentou.
Na mesma rede social, Elon Musk escreveu: "Nunca um momento de tédio nesta plataforma".
Histórico de polêmicas
Em maio deste ano, a Grok se envolveu em polêmica e foi alvo de críticas. A ferramenta deu voz à extrema direita e citou um "genocídio branco na África do Sul" ao responder um questionamento sobre jogadores de beisebol.
O problema foi resolvido horas depois e quase todas as mensagens sobre o tema foram apagadas.
O genocídio branco na África do Sul é uma teoria da conspiração da extrema direita, promovida por Elon Musk, que é sul-africano de Pretória. Segundo o bilionário, a população branca do país é alvo de perseguição.
(Com AFP)