Democratas arquivam relatório sobre derrota para Trump em 2024, de olho nas eleições de meio do mandato

18 dez 2025 - 17h21
(atualizado às 18h06)

O Partido Democrata disse nesta quinta-feira que não divulgaria uma análise interna de sua derrota para o presidente republicano Donald Trump em 2024, afirmando que a divulgação pública de seus fracassos desviaria o foco da vitória nas futuras eleições.

O ‌partido tem se envolvido em acusações mútuas sobre quem foi o culpado pela derrota da vice-presidente Kamala Harris. Kamala tornou-se a candidata ‌democrata à Presidência poucas semanas antes da eleição, depois que o presidente norte-americano, Joe Biden, abandonou abruptamente a disputa.

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O chamado relatório de autópsia, que envolveu centenas de entrevistas com autoridades do partido em todo o país, foi uma tentativa de chegar a algum consenso.

Em vez disso, depois que os democratas venceram as eleições para governador em Nova Jersey e na Virgínia no mês ‍passado e mostraram força em outras disputas, o tão esperado relatório agora será deixado de lado enquanto o partido se prepara para as eleições de meio de mandato do próximo ano, quando tentará retomar o controle do Congresso dos republicanos.

"Em nossas conversas com as partes interessadas de todo o ecossistema democrata, estamos alinhados com o que é ‌importante, que é aprender com o passado e vencer no futuro", disse Ken Martin, presidente ‌do Comitê Nacional Democrata (DNC), em um comunicado nesta quinta-feira.

"Esta é a nossa estrela do norte: isso nos ajuda a vencer? Se a resposta for não, é uma distração da missão principal."

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A derrota de Kamala expôs uma ruptura no partido entre suas alas liberal e mais ao centro, com cada facção afirmando que detinha o projeto para o caminho a seguir.

Mas não se esperava que o relatório tocasse nessa divisão ideológica, nem que colocasse a culpa em Kamala ou Biden.

As conclusões do relatório se concentraram no processo -- contatos com eleitores, captação de recursos e mensagens na mídia, de acordo com um integrante do DNC que falou sob condição de anonimato. O relatório mencionou o sucesso de Trump em alcançar eleitores mais jovens e sua capacidade de explorar mídias não tradicionais, como podcasts.

O relatório também argumentou que os democratas não conseguiram abordar adequadamente as preocupações dos eleitores em questões como economia, segurança pública e imigração, questões sobre as quais Trump conseguiu obter ganhos, disse o integrante do DNC.

Karen Finney, estrategista democrata que foi diretora de comunicações do DNC entre 2005 e 2009, disse que a decisão de não divulgar o relatório não foi "surpreendente, principalmente porque os democratas parecem ter algum impulso político".

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Mas Finney disse que movimento foi decepcionante, porque havia lições valiosas a serem tiradas da vitória de Trump no ano passado, conforme o partido ‌se prepara para a eleição presidencial de 2028.

Depois que o presidente democrata Barack Obama ganhou seu segundo mandato em 2012, o Partido Republicano encomendou seu próprio relatório de autópsia, que, entre outras coisas, pedia que o partido fizesse um esforço maior para atrair eleitores negros e mulheres. Mas essas recomendações foram deixadas de lado quando Trump ganhou a indicação republicana e depois a Presidência em 2016.

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