Os manifestantes se reuniram à tarde na Plaza de Mayo, onde fica a Casa Rosada (palácio presidencial), sob forte presença policial, para um protesto que paralisou o centro da cidade por várias horas.
A manifestação foi organizada principalmente pela CGT, a maior central sindical da Argentina, de orientação peronista (centro-esquerda). Outros sindicatos, partidos de oposição, movimentos sociais e grupos de esquerda radical também aderiram ao protesto.
Paralisações ocorreram em paralelo, principalmente no setor público e no controle do tráfego aéreo. Em seu discurso no protesto, Jorge Sola, co-líder da CGT, descreveu as manifestações como "o primeiro passo em um programa de luta, que terminará em greve geral se não formos ouvidos". A manifestação se dispersou pacificamente no final da tarde.
Na quarta-feira, o parlamento argentino iniciou a análise, na comissão do Senado, do projeto de reforma trabalhista apresentado pelo governo Milei, com diversos pontos considerados inaceitáveis pelos sindicatos.
A chamada reforma de "modernização do trabalho" inclui, entre outras medidas, a extensão da jornada de trabalho (de 8 para 12 horas) por mútuo acordo, a redução da indenização por demissão e a ampliação da definição de serviços "essenciais" durante greves.
A legislação trabalhista "está paralisando as contratações", porque, do lado empresarial, "há receio de entrar em um mundo de conflitos", argumentou o ministro do Trabalho, Julio Cordero, defendendo a reforma perante a comissão do Senado. Segundo ele, as novas normas ajudariam a incentivar contratações e a reduzir a parcela do emprego informal, que representa mais de 40% do mercado de trabalho argentino.
Para o sindicato CGT, a reforma proposta é "regressiva e cria empregos precários", um "desrespeito aos direitos trabalhistas". Isso equivaleria a "decidir todas as situações a favor do empregador; não há equilíbrio", denunciou o senador peronista e advogado trabalhista Mariano Recalde.
Parlamento favorável
Javier Milei, presidente desde dezembro de 2023, inicia a segunda metade de seu mandato com um Parlamento mais favorável, após sua vitória (com 40% dos votos) nas eleições de meio de mandato em outubro.
Em duas casas legislativas sem maioria absoluta, ele estará, no entanto, sujeito a acordos pontuais com parlamentares independentes ou com a oposição moderada para aprovar certos aspectos de suas reformas mais controversas.
O Executivo encurtou o recesso parlamentar de verão, convocando o Parlamento em sessão extraordinária durante todo o mês de dezembro, numa tentativa de acelerar as reformas. Em relação à reforma trabalhista, inicialmente previa-se um debate e votação no Senado antes do final de 2025, mas eles foram finalmente agendados para 10 de fevereiro, a fim de "analisar as solicitações" submetidas à comissão, segundo sua presidente, Patricia Bullrich. O projeto de lei deverá então ser encaminhado à Câmara dos Deputados.
Com AFP