Starmer, Macron e líderes europeus se reunirão com Zelensky em Londres para discutir plano de paz dos EUA

O presidente francês Emmanuel Macron anunciou que se reunirá na segunda-feira (8), em Londres, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o chanceler alemão Friedrich Merz para analisar "as negociações em curso no âmbito da mediação norte-americana" para o fim do conflito contra a Rússia. Negociadores ucranianos e americanos se reuniram perto de Miami, neste sábado (6), no terceiro dia de conversas sobre o plano de Washington para acabar com a guerra, enquanto as forças de Moscou avançam nas linhas de frente e realizam bombardeios noturnos.

6 dez 2025 - 16h06

"Devemos continuar a pressionar a Rússia para forçá-la a fazer a paz", disse o presidente francês no sábado, condenando "nos termos mais fortes possíveis" os novos ataques contra a Ucrânia e reiterando o seu "apoio inabalável" a Kiev.

O primeiro-ministro Keir Starmer, do Reino Unido, à esquerda, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Em Londres, em 24 de outubro de 2025.
O primeiro-ministro Keir Starmer, do Reino Unido, à esquerda, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Em Londres, em 24 de outubro de 2025.
Foto: © Kirsty Wigglesworth / АР / RFI

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou no sábado que teve uma conversa telefônica "substancial e construtiva" com os enviados americanos Steve Witkoff e Jared Kushner e com negociadores de Kiev que foram à Flórida para as discussões sobre o fim da guerra com a Rússia.

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"A Ucrânia está determinada a continuar trabalhando honestamente com os Estados Unidos para estabelecer uma paz verdadeira. Concordamos com os próximos passos e o formato das discussões com os Estados Unidos", disse Zelensky nas redes sociais, sem fornecer mais detalhes.

O líder ucraniano indicou que a conversa abordou, entre outros assuntos, "questões-chave que poderiam garantir o fim do derramamento de sangue", bem como "o risco de a Rússia não cumprir suas promessas".

Volodymyr Zelensky afirmou estar aguardando o retorno dos dois negociadores ucranianos, Rustem Umerov e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Andriy Hnatov, "com um relatório detalhado" das conversas.

"Não podemos discutir tudo por telefone, por isso é necessário trabalhar detalhadamente com as equipes nas ideias e propostas", declarou.

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A União Europeia, ausente destas negociações para as quais não foi convidada, voltou a alertar no sábado contra um processo que Bruxelas considera favorecer Vladimir Putin. "Impor restrições e constrangimentos à Ucrânia não nos trará paz duradoura", declarou a Alta Representante da UE para os Relações Exteriores e a Política de Segurança, Kaja Kallas. "Se a agressão for recompensada, ela se repetirá, não apenas na Ucrânia ou em Gaza, mas em todo o mundo", acrescentou.

Garantia de independência e soberania

Desde que o plano americano foi apresentado, há quase três semanas, várias rodadas de conversas ocorreram com os ucranianos em Genebra e na Flórida para tentar alterar o texto e torná-lo mais favorável a Kiev.

Do lado americano, participam das negociações deste sábado, nos arredores de Miami o enviado de Trump, Steve Witkoff, e o genro do presidente, Jared Kushner. 

Na noite de sexta-feira (5), ao fim do segundo dia de encontro, o Departamento de Estado americano declarou que "ambos os lados concordaram que qualquer progresso real rumo a um acordo depende da disposição da Rússia em assumir um compromisso sério com uma paz duradoura, incluindo medidas de desescalada e o fim das mortes".

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Em seu comunicado, o Departamento de Estado detalhou que os participantes "discutiram os resultados" da reunião em Moscou e que Umerov reafirmou que a prioridade da Ucrânia era chegar a um acordo "que proteja sua independência e soberania".

Há semanas, os Estados Unidos vêm tentando fazer com que Kiev e Moscou aceitem um plano elaborado por Washington para acabar com a guerra.

O primeiro esboço do plano foi ajustado após ter sido criticado por ser considerado muito favorável à Rússia.

Após a reunião em Moscou entre Vladimir Putin, Steve Witkoff e Jared Kushner, o Kremlin assegurou que alguns avanços foram obtidos mas que ainda havia "muito trabalho" a fazer para se chegar a uma solução do conflito, iniciado em fevereiro de 2022.

Segundo declarou o assessor diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, na sexta-feira, as conversas em Moscou se desenvolveram em um ambiente cordial. Ele exaltou a presença do genro de Trump.

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Putin e Witkoff mantiveram um "diálogo realmente amistoso e se entendem bem", declarou Ushakov à televisão estatal russa, e acrescentou que a presença de Kushner é muito "útil".

Ataque continuam em infraestruturas de energia na Ucrânia

A intensa atividade diplomática, no entanto, não conseguiu conter os combates.

Novos e massivos ataques aéreos russos contra a infraestrutura ucraniana, principalmente instalações de energia, deixaram milhares de casas sem aquecimento e água, informaram as autoridades neste sábado.

Ao todo, 653 drones e 51 mísseis atingiram a Ucrânia durante a noite passada, informou a Força Aérea. Várias regiões ainda enfrentam cortes de luz após os bombardeios russos a instalações energéticas nas últimas semanas, segundo o Ministério da Energia ucraniano.

(Com AFP)

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