O presidente Volodymyr Zelensky afirmou neste domingo (24) que a presença de tropas estrangeiras na Ucrânia após o fim da guerra com a Rússia é "importante" para o país, enquanto Kiev procura trabalhar em possíveis garantias de segurança com seus aliados ocidentais. A declaração aconteceu durante a celebração do 34º aniversário de independência da Ucrânia, que realizou nova troca de prisioneiros com a Rússia na mesma data.
A questão da "presença, como se costuma dizer, das tropas no terreno, é importante para nós", afirmou Zelensky, ao lado do primeiro-ministro canadense Mark Carney, que visita Kiev no feriado da independência.
Carney, por sua vez, aproveitou a ocasião para apelar a um cessar-fogo entre os dois países, mas afirmou também que não cabe à Rússia decidir sobre as possíveis garantias de segurança que a Ucrânia solicita aos seus aliados ocidentais para o fim da guerra.
"Em primeiro lugar, precisamos por fim às hostilidades. Precisamos de um cessar-fogo. Podemos chamá-lo de cessar-fogo, trégua, armistício. É necessário para parar os massacres (...) Não cabe à Rússia decidir como garantir a soberania, a independência e a liberdade ucraniana no futuro. Essa é uma escolha da Ucrânia e uma decisão dos seus parceiros", afirmou o primeiro-ministro canadense em uma coletiva de imprensa ao lado de Volodymyr Zelensky.
Nova troca de prisioneiros
Também neste domingo, Rússia e Ucrânia trocaram 146 prisioneiros de guerra de cada lado, anunciou o Ministério da Defesa russo em um comunicado. Enquanto os esforços diplomáticos para resolver o conflito parecem estar estagnados, o retorno de prisioneiros de guerra tem sido o único avanço significativo resultante das negociações em Istambul entre russos e ucranianos.
"Em 24 de agosto, 146 militares russos retornaram do território controlado pelo regime de Kiev", informou o ministério no Telegram, acrescentando que "146 prisioneiros de guerra ucranianos foram entregues em troca", graças aos esforços de mediação dos Emirados Árabes Unidos.
Pelo X, Zelensky também celebrou a "volta para casa" de agentes "das Forças Armadas, da Guarda Nacional, do Serviço de Guarda de Fronteiras do Estado e civis. A maioria deles estava em cativeiro desde 2022". No mesmo comunicado, o presidente ucraniano agradeceu os esforços de aliados.
"As trocas continuam. E isso é possível graças aos nossos guerreiros, que reabastecem o 'fundo de troca' para a Ucrânia; à nossa equipe, que trabalha todos os dias; e aos nossos parceiros que ajudam. Somos gratos aos Emirados Árabes Unidos pela ajuda. Agradeço a todos cujo trabalho torna possível o retorno do nosso povo para casa".
Moradores de Kursk entre prisioneiros libertos
Dentre os prisioneiros libertos pela Ucrânia, oito são moradores da região fronteiriça russa de Kursk, em sua maioria mulheres idosas. A cidade vinha sendo alvo de uma ofensiva das forças ucranianas, que entraram na região em agosto de 2024, ocupando parte dela por vários meses, antes de serem repelidas pelas forças russas, com a ajuda de combatentes norte-coreanos.
"Testemunhei pessoalmente este evento jubiloso", escreveu a comissária russa de direitos humanos, Tatiana Moskalkova, no Telegram, referindo-se à transferência dos oito moradores de Kursk, que, segundo ela, ocorreu em solo bielorrusso.
A troca de prisioneiros e corpos de soldados mortos é uma das últimas áreas em que Moscou e Kiev continuam a cooperar, mais de três anos e meio após o início do ataque russo à Ucrânia.
As duas partes em conflito trocaram milhares de prisioneiros este ano, em conformidade com os acordos firmados durante três rodadas de negociações diretas em Istambul, de maio a julho.
Essas trocas são o único resultado concreto dessas reuniões. Durante a última reunião nesse formato, em julho, as duas delegações só conseguiram notar a "distância" entre suas posições sobre o fim do conflito.
(RFI com AFP)