Governo brasileiro se prepara para extraditar suposto espião à Rússia

Órgãos federais liberam extradição de Sergey Cherkasov, preso no Brasil desde 2022 por uso de identidade falsa

3 dez 2025 - 17h34
(atualizado às 18h10)
Resumo
O governo brasileiro avança no processo de extradição do russo Sergey Cherkasov, acusado de espionagem, com decisões judiciais e do MPF indicando ausência de impedimentos legais; a definição final cabe à Presidência da República.
Sergey Cherkasov é apontado pela Polícia Federal e pelo FBI como um suposto agente de inteligência russo que usava identidade brasileira para se disfarçar
Sergey Cherkasov é apontado pela Polícia Federal e pelo FBI como um suposto agente de inteligência russo que usava identidade brasileira para se disfarçar
Foto: Reprodução

O suposto espião russo Sergey Vladimirovich Cherkasov está mais perto de ser enviado de volta à Rússia. Decisões recentes da Justiça Federal e do Ministério Público Federal (MPF) indicam que não há mais impedimentos legais para sua extradição. As informações foram confirmadas por uma fonte do governo brasileira à BBC News Brasil. 

Cherkasov cumpre pena de cinco anos por falsidade ideológica em uma penitenciária federal em Brasília. A decisão final sobre sua entrega depende agora da Presidência da República, já que a extradição precisa ser autorizada pelo chefe do Executivo ou por órgão por ele indicado. O processo é acompanhado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

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Detido no Brasil desde abril de 2022, Cherkasov é apontado pela Polícia Federal e pelo FBI como espião russo que utilizava identidade brasileira falsa para atuar no exterior. Ele nega ser agente do governo russo. A Rússia pede sua extradição desde 2022, e o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia autorizado sua entrega, aguardando apenas o encerramento de investigações contra ele, que foram concluídas neste ano.

Nos últimos dois meses, órgãos da Justiça Federal e do MPF do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo confirmaram que não há mais obstáculos legais à extradição. Em 17 de novembro, o juiz Frederico Botelho de Barros Viana determinou formalmente a entrega de Cherkasov à Rússia, decisão encaminhada ao MJSP, que informou que seguirá a tramitação conforme a lei.

A BBC News Brasil apurou que o governo russo deverá disponibilizar uma aeronave para transportá-lo, mas a data ainda não foi definida. A possível entrega ocorre apesar de um pedido de extradição dos Estados Unidos, que acusa Cherkasov de crimes cometidos em solo americano.

Trajetória e antecedentes

Cherkasov chegou ao Brasil em 2010 e usava identidade brasileira falsa, sob o nome Victor Muller Ferreira, para estudar e atuar no exterior sem chamar atenção. Tentou atuar como estagiário no Tribunal Penal Internacional, na Holanda, em 2022, pouco após a invasão russa à Ucrânia.

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Ele foi investigado por espionagem no Brasil, mas o inquérito foi arquivado. Condenado a 15 anos por falsidade ideológica, teve a pena reduzida para cinco anos e cumpre a sentença em Brasília.

Rede de supostos espiões

Investigações apontam que Cherkasov integraria uma rede de espiões russos que usava identidades brasileiras como disfarce. Até agora, nove pessoas foram identificadas, incluindo indivíduos que se passavam por empresários, estudantes e modelos. Segundo autoridades, eles não coletavam informações sobre o Brasil, mas usavam o país como cobertura para missões em outros países.

O Brasil teria sido escolhido devido a falhas nos sistemas de documentação, histórico de não envolvimento em conflitos internacionais e população miscigenada.

O Terra tenta localizar a defesa de Sergey Vladimirovich. 

Fonte: Portal Terra
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