María Corina Machado está a caminho de Oslo mas não chegará a tempo da cerimônia do Nobel

A opositora venezuelana María Corina Machado está "a salvo" e viajará a Oslo, mas não conseguirá chegar a tempo da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz, nem para os demais atos previstos para esta quarta-feira (10), informou o Instituto Nobel.

10 dez 2025 - 08h21

"Embora não possa chegar à cerimônia, nem aos atos de hoje, ficamos profundamente felizes em confirmar que ela está a salvo e que estará conosco em Oslo", afirmou o instituto em um breve comunicado, que cita uma "viagem em uma situação de extremo perigo". O porta-voz do instituto, Erik Aasheim, disse à AFP que "não sabe quando" a opositora venezuelana, na clandestinidade desde agosto de 2024, chegará a Oslo. 

A opositora venezuelana María Corina Machado está "a salvo" e viajará a Oslo, mas não conseguirá chegar a tempo da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz, informou o Instituto Nobel.
A opositora venezuelana María Corina Machado está "a salvo" e viajará a Oslo, mas não conseguirá chegar a tempo da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz, informou o Instituto Nobel.
Foto: © Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS / RFI

Um pouco mais cedo, a entidade havia descartado a participação da laureada na cerimônia, informando que a opositora venezuelana Maria Corina Machado, que vive na clandestinidade em seu país, não receberia pessoalmente o Prêmio Nobel da Paz. Ela será substituída por sua filha.  

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As incertezas sobre a participação de Maria Corina Machado na cerimônia, que acontece nesta quarta-feira às 13h (9h em Brasília), na prefeitura de Oslo, aumentaram após o cancelamento da tradicional coletiva de imprensa do Nobel na terça-feira (9).  

A ausência da opositora é uma decepção para as dezenas de venezuelanos no exílio que viajaram à capital norueguesa para acompanhar a premiação, depois que o Instituto Nobel havia anunciado no fim de semana a presença de Corina Machado para receber o prêmio, que inclui uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia de 1,2 milhão de dólares (cerca de 6,51 milhões de reais).  

Clandestinidade 

Maria Corina Machado entrou na clandestinidade na Venezuela em agosto de 2024, poucos dias após a eleição presidencial. Ela foi impedida de participar da votação, vencida pelo presidente Nicolás Maduro e contestada pela oposição.   

A líder opositora foi vista em público pela última vez em 9 de janeiro, durante uma manifestação em Caracas contra a posse do líder chavista para um terceiro mandato. 

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O Nobel da Paz foi atribuído à opositora de 58 anos em 10 de outubro por seus esforços em favor de uma transição democrática na Venezuela.  

Os Estados Unidos e parte da comunidade internacional não reconhecem os resultados da eleição presidencial de julho de 2024, na qual Nicolás Maduro conquistou um terceiro mandato de seis anos. A oposição denunciou fraudes e reivindicou a vitória do opositor Edmundo González Urrutia, que hoje vive exilado na Espanha.  

O cancelamento da participação de Maria Corina Machado na cerimônia ocorre enquanto vários chefes de Estado da América Latina alinhados ideologicamente à direita, e aliados de Donald Trump, como o presidente argentino, Javier Milei, já chegaram a Oslo para participar do evento. Os líderes José Raúl Mulino, do Panamá, Daniel Noboa, do Equador, e Santiago Peña, do Paraguai, também são esperados.  

A mãe de Machado, de 80 anos, suas três irmãs e seus três filhos também já estão em Oslo para acompanhar a cerimônia, assim como Edmundo González Urrutia. 

Manifestações  

Manifestações pró e contra Machado estão previstas na capital norueguesa, que está sob forte esquema de segurança. Embora seja saudada por muitos simpatizantes por seus esforços em prol da democratização na Venezuela, Machado também é criticada por sua aproximação ideológica com o presidente americano, Donald Trump, a quem dedicou seu Nobel.  

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A entrega do prêmio ocorre em meio a uma operação militar dos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico contra barcos supostamente envolvidos no tráfico de drogas. Os ataques, que já mataram ao menos 87 pessoas, foram apoiados pela opositora. 

O presidente Nicolás Maduro assegura que o verdadeiro objetivo dessas ações é a sua destituição do poder para se apoderar das reservas de petróleo da Venezuela.  

Além do Nobel da Paz, os prêmios de literatura, química, medicina, física, economia de 2025 também serão entregues nesta quarta-feira em Estocolmo, na Suécia, na presença do rei Carl XVI Gustaf.

(Com AFP)

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