Braathen, que competiu pela Noruega até 2023 antes de optar por representar o Brasil, superou o francês Clément Noël, que terminou 31 centésimos atrás, e o finlandês Eduard Hallberg, a 57 centésimos. Aos 25 anos, o atleta alcança sua sexta vitória em etapas de Copas do Mundo, mas a primeira desde que mudou de nacionalidade esportiva.
No domingo, o brasileiro liderou já na primeira descida e manteve o ritmo na segunda para confirmar o triunfo. Em êxtase, caiu de joelhos diante da torcida finlandesa e gritou: "Vamos Brasil!". Logo atrás, o francês Clément Noël — campeão olímpico da modalidade nos Jogos de Pequim (2022) — conquistou seu primeiro pódio da temporada logo na estreia do inverno.
A prova acontece a três meses exatos do slalom dos Jogos Olímpicos de Milão-Cortina, marcado para 16 de fevereiro de 2026, quando Noël defenderá seu título. O jovem finlandês Eduard Hallberg, de 22 anos, surpreendeu ao terminar em terceiro lugar, para alegria da torcida local.
É a primeira vez desde 2007, com Kalle Palander, que um atleta da Finlândia sobe ao pódio em uma etapa da Copa do Mundo. A competição segue no dia 22 de novembro, com a etapa de Gurgl, na Áustria.
Slalom, uma das modalidades mais técnicas
O slalom, prova vencida por Braathen, é uma das disciplinas mais técnicas do esqui alpino. Diferente das corridas de velocidade, como a descida livre ou o super-G, o slalom exige que o atleta percorra uma pista marcada por portas muito próximas, realizando curvas rápidas e sucessivas. É uma disputa de agilidade e precisão, em que qualquer erro mínimo pode significar a eliminação. Por isso, é considerada uma das provas mais desafiadoras e prestigiosas do circuito.
A vitória de Braathen tem um peso histórico: é a primeira vez que o Brasil aparece no topo de uma competição tradicionalmente dominada por países alpinos como Áustria, Suíça, França e Noruega. O feito coloca o país no mapa de um esporte em que não há tradição e abre espaço para maior visibilidade e incentivo a novos atletas brasileiros em modalidades de neve.
Nascido em Oslo em 2000, filho de pai norueguês e mãe brasileira, Lucas Pinheiro Braathen estreou na Copa do Mundo em 2019 e conquistou sua primeira vitória em 2020, no slalom gigante de Sölden, na Áustria. Em 2023, venceu o globo de cristal do slalom, título que consagra o melhor da temporada, e consolidou-se como um dos grandes nomes da modalidade.
Após lesões que o afastaram das pistas, voltou com força em 2024 e 2025, reafirmando seu talento e carisma.
Conhecido por seu estilo vibrante, que mistura técnica refinada com celebrações exuberantes e gosto por moda e música, Braathen tornou-se uma figura midiática além das pistas.
Ao decidir competir pelo Brasil, Braathen trouxe um novo simbolismo ao esporte: mostrar que o esqui pode ser multicultural e global. Sua vitória em Levi não é apenas um resultado esportivo, mas um marco cultural. O Brasil, país sem tradição em esportes de neve, agora tem um campeão mundial em uma das provas mais técnicas do esqui alpino.
Com AFP