Jornais franceses analisam os impactos da guerra comercial EUA-China, destacando a decisão de Trump sobre tarifas e as consequências para França, Europa e economia global.
Os jornais franceses desta quinta-feira, 10, repercutem a reviravolta sobre a imposição de tarifas alfandegárias pelos Estados Unidos e analisam a capacidade da França de absorver os impactos da crise, assim como as consequências para a economia chinesa.
Trump suspende o aumento das tarifas de importação por 90 dias, menos para a China, cujas taxas agora passam de 125% destaca o jornal Le Figaro. Para o diário, o presidente americano "cede ao pânico generalizado que começa a ser sentido nos Estados Unidos", onde os consumidores já estocam produtos de longa durabilidade, como o café, o ketchup e o sabão. O diário explica que a primeira vítima do "efeito cascata" dos anúncios da Casa Branca é "o crescimento econômico". O governo francês estima que o aumento das tarifas de produtos importados dos EUA possa provocar uma queda entre 0,3 e 0,5 pontos do PIB por ano.
"A guerra comercial fará apenas perdedores", diz presidente do Banco Central francês, em entrevista ao jornal Le Monde publicada nesta quinta-feira. François Villeroy de Galhau fala em uma virada histórica da ordem internacional e das alianças mundiais de comércio, que ameaça o crescimento mundial.
América ficaria isolada
Outro ponto a destacar, segundo ele, seria o fim da liderança americana, o isolacionismo econômico, além de um forte abalo nos valores defendidos pela maior potência democrática, sendo que os maiores perdedores, acredita, serão os EUA. Ainda que a guerra comercial deva prejudicar o crescimento do PIB europeu, o presidente do Banco Central acredita que o impacto será menor para economia francesa, que não deverá escapar de uma recessão. Galhau também destacou a solidez dos bancos franceses que poderão absorver o choque das bolsas de valores mundiais.
O jornal Libération destaca a reação de Pequim, em aumentar a cobrança de taxas dos produtos americanos para 84% a contar desta quinta-feira. Pequim também decidiu tentar uma ação na justiça junto a Organização Mundial do Comércio (OMC).
As exportações chinesas podem cair de 5% este ano, segundo estimações do mercado, enquanto o crescimento chinês poderá se limitar a 4,2%, abaixo dos objetivos oficiais. Confrontadas com a baixa do consumo interno, as empresas chinesas podem ter dificuldades para escoar a sua produção, fazendo com que Pequim se volte possivelmente para o mercado europeu.