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'Para nós, negros, a discriminação nos tira tudo', diz vencedora de Prêmio Professor Emérito

No Dia do Professor, cerimônia homenageou os docentes Eunice Prudente e Antônio Jacinto Caleiro Palma

15 out 2025 - 15h23

Os discursos dos vencedores do 28º Prêmio Professor Emérito e Guerreiro da Educação Ruy Mesquita realizados nesta quarta-feira, 15, Dia do Professor, foram pautados pela necessidade de se combater o racismo no sistema educacional brasileiro. A cerimônia homenageou a primeira professora negra de Direito da USP, Eunice Prudente, e o professor Antônio Jacinto Caleiro Palma.

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O evento é uma iniciativa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em parceria com o Grupo Estado. Desde 1997, são premiadas personalidades que contribuem para o aprimoramento da educação nacional.

"A discriminação nos tira tudo"

Em seu discurso ao receber o prêmio, Eunice defendeu a necessidade de se combater desigualdades e preconceitos tanto na educação quanto no mercado de trabalho. "Para nós, negros, a discriminação nos tira tudo", relatou. "São questões complexas, que envolvem gênero, etnia e questões socioeconômicas. Não são simples, mas são nossas. O exercício da nossa cidadania deve ser muito ativo nesses enfrentamentos."

Antônio Jacinto Caleiro Palma reforçou a fala: "O verdadeiro berço da desigualdade está no conhecimento. O atraso escolar e as diferenças na qualidade de ensino são mais acentuadas entre estudantes negros e indígenas".

O diretor de jornalismo do Estadão, Eurípedes Alcântara, afirmou que os homenageados mostram, com suas trajetórias, "que educar no Brasil é um ato de coragem e de fé no futuro". O jornalista apontou que Eunice "fez da sala de aula um exercício de emancipação" contra preconceitos, enquanto Palma "formou gerações de profissionais com a convicção de que a educação cria oportunidades reais".

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Quem é Eunice Prudente, vencedora do prêmio Professor Emérito

Primeira professora negra de Direito da USP, Eunice Prudente é advogada, escritora e ativista dos direitos humanos e raciais.

Em 1980, defendeu a primeira tese do País para criminalizar a discriminação racial. É autora dos livros Preconceito Racial e Igualdade Jurídica no Brasil e Gênero, Etnia e Sexualidade. Em agosto de 2024, tornou-se a primeira mulher negra a integrar a Academia Paulista de Letras Jurídicas.

Já foi secretária de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo (2007-2008), diretora-executiva da Fundação Procon-SP, diretora técnica da Ouvidoria Geral do Estado de São Paulo e presidente do Conselho de Transparência da Administração Pública. Desde março deste ano, comanda a Escola de Gestão e Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo.

Quem é Antônio Jacinto Caleiro Palma, vencedor do prêmio Guerreiro da Educação

Formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Administração pela Faculdade São Luiz, Antônio Jacinto Caleiro Palma foi professor por 30 anos na Fundação Getulio Vargas (FGV-SP). É autor do livro Manual de Direito Empresarial para Administradores de Empresas.

É presidente emérito do CIEE de São Paulo. Foi presidente do Conselho de Administração e coordena o setor empresarial da Urbano Vitalino Advogados.

Os prêmios Professor Emérito e Guerreiro da Educação Ruy Mesquita

O presidente do Conselho de Administração do CIEE-SP, José Augusto Minarelli, afirmou que a premiação foi criada, em 1997, para "reconhecer, em vida, as pessoas que dão a sua vida à educação e merecem reconhecimento público". "Apoiar e reconhecer quem faz a educação é a atividade que vale a pena na mobilização da transformação das pessoas pela educação", afirmou.

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Minarelli explicou a escolha por homenagear o jornalista Ruy Mesquita, ex-diretor do Estadão, nos nomes dos prêmios. "Ruy Mesquita foi um verdadeiro guerreiro da educação, representando sua família e seu jornal. Ele sempre defendeu a educação como um instrumento de desenvolvimento pessoal e nacional", disse o presidente do CIEE-SP.

O diretor de jornalismo do Estadão, Eurípedes Alcântara, destacou que para o grupo "a educação é um alicerce da democracia". "O Estadão tem um compromisso existencial com a educação de qualidade, principalmente a educação pública e de qualidade. O Estadão lembra que educa ao informar e, ao apoiar este prêmio, o jornal reafirma sua missão de promover uma sociedade instruída, crítica e consciente, que faz uma economia competitiva, aberta e capaz de enfrentar os desafios, cada vez mais complexos desse mundo."

Então presidente do conselho do CIEE-SP em 1997, Antônio Palma relatou que a ideia do prêmio foi criar "um Oscar da Educação". "Como o jornal O Estado de S. Paulo é sinônimo de educação, procuramos o então diretor-presidente, doutor Ruy Mesquita, para juntos criarmos o prêmio. O doutor Ruy concordou na hora", lembrou.

Palma ainda destacou o marco de 150 anos do Estadão: "O Estadão não é apenas testemunha dos grandes momentos do nosso País, mas protagonista. Sou assinante do jornal há 50 anos. Nossos pais sempre disseram que, se você quiser entender um pouco de política, entender o que está acontecendo no nosso país, no nosso Estado, no mundo, você precisa ler o Estadão".

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A lista de homenageados pelos prêmios Professor Emérito e Guerreiro da Educação Ruy Mesquita ao longo de quase três décadas ainda conta com nomes como Ruth Cardoso, Miguel Reale, José Pastore, Antônio Candido, Paulo Vanzolini, Ives Gandra, Delfim Neto, Celso Lafer e Fernando Henrique Cardoso.

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