Quem é Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj preso pela PF sob suspeita de vazar informações sigilosas

Parlamentar fluminense foi detido por suspeita de repassar dados de operação e acumula histórico de influência política e aliados no Estado

3 dez 2025 - 13h35
(atualizado às 14h04)
Resumo
Rodrigo Bacellar, presidente reeleito da Alerj e figura influente na política do Rio de Janeiro, foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de vazar informações sigilosas da Operação Zargun, além de ter sua trajetória marcada por investigações relacionadas a esquemas de corrupção e utilização questionável de benefícios públicos.
Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União).
Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União).
Foto: Divulgação/Alerj / Estadão

O deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), preso nesta quarta-feira, 3, pela Polícia Federal, construiu ao longo dos anos uma trajetória marcada por forte influência e articulação política. A prisão ocorreu devido à suspeita de que ele teria repassado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro, quando o então deputado estadual TH Joias foi detido. Em fevereiro, Bacellar foi reeleito presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) de forma unânime.

A reeleição ocorreu dois anos depois de ele ter conquistado a presidência da Casa com 56 dos 70 votos possíveis. A ampliação desse apoio entre um pleito e outro reforçou ainda mais a influência de Bacellar no cenário político fluminense, fortalecendo seu nome como possível candidato da direita ao governo do Rio.

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Embora já participasse do jogo político regional em Campos dos Goytacazes há muitos anos, Rodrigo Bacellar só concorreu a um cargo eletivo em 2018, quando foi eleito deputado estadual. Desde então, teve uma ascensão rápida até chegar ao comando da Alerj, marcada, entre outros episódios, por sua atuação como relator do processo de impeachment do então governador Wilson Witzel, processo que abriu caminho para que Cláudio Castro (PL), seu aliado, assumisse o governo do estado.

Coberturas de luxo no Rio

Em 2023, veio a público que Bacellar utilizava o auxílio-moradia para alugar duas coberturas de luxo na capital fluminense. Os imóveis, localizados em Botafogo, na Zona Sul do Rio, pertenciam ao advogado Jansens Calil Siqueira, amigo do parlamentar, que havia adquirido as unidades pagando em espécie.

Bacellar também é citado como participante de um frigorífico comprado pela empresa de Siqueira com recursos da Agência de Fomento do Estado do Rio (AgeRio). O empreendimento tem capacidade para abater 250 animais por dia e produzir cerca de 54 toneladas de carne bovina mensalmente, podendo gerar faturamento de aproximadamente R$ 1 milhão ao mês.

Trajetória política

Natural de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, Bacellar iniciou sua militância na política estudantil. Sua primeira filiação partidária foi ao Partido dos Trabalhadores, onde permaneceu entre 2001 e 2005.

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Graduado em Direito pela Universidade Estácio de Sá, atuou como assessor na Secretaria-Geral de Planejamento do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) entre 2007 e 2009. Posteriormente, entre 2009 e 2011, presidiu a Fundação Estadual do Norte Fluminense (FENORTE). Nesse período, migrou para o PTB, ao qual foi filiado de 2005 a 2009.

Na década de 2010, ele e seu pai, Marcos Bacellar, ex-vereador em Campos, foram acusados de comandar um esquema de corrupção na prefeitura de Cambuci. Segundo a denúncia, eles pagavam R$ 180 mil mensais para controlar a administração municipal. Embora pai e filho não tenham enfrentado punições judiciais ao final do processo, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) determinou o afastamento do então prefeito, Oswaldo Botelho.

Depois do PTB, Bacellar passou pelo PDT, de 2011 a 2013, e ingressou no Solidariedade, onde permaneceu entre 2013 e 2016. Após um breve período no MDB, retornou ao Solidariedade e se lançou candidato a deputado estadual. Naquela eleição, conquistou mais de 26 mil votos e assumiu a liderança da bancada do partido na Alerj.

Quando estreitou laços com Cláudio Castro, em 2021 foi convidado para comandar a Secretaria de Estado de Governo. Deixou o cargo para disputar a presidência da Alerj, para a qual foi eleito em 2023 e reeleito em 2025. Bacellar ingressou no União Brasil em março de 2024. Antes disso, ele era filiado ao Partido Liberal.

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O Terra tenta contato com a defesa do deputado. O espaço permanece aberto para manifestações. 

Fonte: Portal Terra
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