Quem é TH Joias, deputado e joalheiro preso por ligação com o Comando Vermelho?
O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (MDB), foi preso nesta quarta-feira (3) em ações conjuntas contra tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro. Aos 36 anos, ele também é alvo de investigação por supostas negociações de armas com o Comando Vermelho (CV).
A trajetória de TH Joias não começou na política. Ele ganhou visibilidade no ramo da ourivesaria, ao ver suas joias de ouro e diamantes usadas por jogadores como Neymar, Vini Jr., Adriano Imperador e pela cantora Ludmilla. Nascido no Morro do Fubá, na Zona Norte do Rio, aprendeu o ofício com o pai, Juberto, e assumiu o negócio da família em Madureira aos 19 anos, como caçula de cinco irmãos.
Com os lucros, patrocinava eventos comunitários e apoiava projetos sociais em favelas, como festas do Dia das Crianças em Honório Gurgel, além de financiar atletas e músicos. A aproximação com a política ocorreu após conhecer o ex-policial Marcos Falcon, então presidente da Portela. Falcon foi assassinado dias antes da eleição municipal de 2016.
Como a carreira política se entrelaçou ao crime?
Entre 2017 e 2018, TH foi preso durante uma operação da Polícia Civil do Rio. Passou dez meses na cadeia por suspeita de pagar propina a agentes e atuar no tráfico de drogas e armas. Investigações apontam que ele alertava criminosos de comunidades como Muquiço, Vila Aliança, Serrinha e Complexo da Maré sobre ações policiais.
O Ministério Público afirma que o deputado lavava dinheiro para três facções: Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos (ADA). Mesmo assim, ingressou no MDB e conquistou 15.105 votos em 2022. Tornou-se suplente e assumiu o mandato em 2024, após a morte de Otoni de Paula pai. A vaga se abriu porque Rafael Picciani permaneceu à frente da Secretaria de Esporte e Lazer.
Em entrevista à revista Veja no início de 2024, o parlamentar se defendeu: "Não tem trânsito em julgado, sou réu primário, ficha limpa". Atualmente, preside a Comissão de Defesa Civil da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
As operações
As forças policiais o localizaram em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. As ações cumpriam mandados expedidos pela Justiça Federal e pelo Tribunal de Justiça do Estado. Dezoito pessoas estavam na lista de procurados; 14 foram presas.
Entre os detidos, estão Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, apontado como liderança do Comando Vermelho; o delegado federal Gustavo Steel; e Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, assessor parlamentar de TH.
O Ministério Público afirma que o deputado usou o cargo para beneficiar o Comando Vermelho, inclusive nomeando aliados para funções na Alerj. Em nota, a Assembleia disse que "prestou apoio às autoridades competentes". O MDB anunciou a expulsão do parlamentar.