Divaldo Franco, líder espírita, é homenageado em Salvador por seu impacto espiritual e social, incluindo a criação de 650 filhos adotivos e obras educacionais na Mansão do Caminho.
Um líder espírita que transformou pelo social. Durante toda essa quarta-feira, 14, centenas de pessoas devem transitar pelo Ginásio da Mansão do Caminho, no bairro de Pau da Lima, em Salvador (BA), para homenagear Divaldo Franco. Ali, estão pessoas que foram tocadas pela mediunidade de Divaldo, e outras que tiveram suas vidas mudadas por suas obras sociais.
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Entre as dezenas de admiradores enfileirados para saudar o caixão fechado de Divaldo tem gente de toda faixa etária. Entre os mais velhos, porém, é possível sentir o impacto de Divaldo Franco por longos anos de suas vidas.
É o caso de Maria Piedade, de 67 anos. Natural de Goiânia (GO), ela decidiu se mudar para Salvador assim que se aposentou para se tornar voluntária no complexo social Mansão do Caminho, onde vive atualmente. Já são 13 anos nessa trajetória.
"São várias renúncias, mas são renúncias de alegrias, são renúncias que propiciam alegrias, que propiciam uma felicidade íntima em comum", conta Piedade, que construiu sua carreira profissional em Brasília (DF), onde conheceu Divaldo, em uma palestra no Senado Federal.
"Aquela voz calou fundo em mim, eu dizia a mim mesma, eu conheço essa voz. E de fato, nós descobrimos que em várias algumas encarnações já nos conhecíamos", afirma. Na relação que criou com Divaldo, Piedade recebeu vários atendimentos espirituais do médium.
O que se lembra mais foi quando, em 2008, ao voltar de um exame em que descobriu um grave problema no rim, recebeu uma ligação inesperada de Divaldo. "Ele então me disse, 'que bom minha filha, que foi descoberto em muito bom tempo, mas fique em paz, tudo dará certo'", relembra. O problema de saúde fez com que ela retirasse um dos rins, mas Piedade não perdeu em nenhum momento a serenidade, dada por Divaldo.
Embora no espiritismo não se use o termo "milagre", há, no mínimo, curiosas histórias de cura. A psicóloga Graça Leal, de 66 anos, traz o seu próprio relato de uma história do tipo, envolvendo o médium Divaldo Franco.
Em 1982, grávida, ela sentia que estava perdendo o bebê. "Então, minha mãe me levou até a Mansão do Caminho, que na época era lá na Cidade Baixa, conversou com o Divaldo, ele deu um passe na minha barriga e minha filha vingou. O nome dela é Vanessa de Ângelis", conta, nome que foi dado em referência a Joanna de Angelis, mentora espiritual de Divaldo Franco.
Os filhos de Divaldo Franco e o legado da Mansão do Caminho
Divaldo Franco morreu tendo adotado 650 filhos. Todos eles, além da formação, alimentação e cuidados com a saúde, dados no complexo social Mansão do Caminho, também recebiam o carinho e afeto de Divaldo, segundo conta Ednilson Pereira da Silva, de 54 anos.
Hoje administrador da panificadora mantida na Mansão do Caminho, Ednilson, também conhecido como Nilsinho, foi deixado no complexo aos 3 anos de idade.
"Nós morávamos aqui. Era o nosso pai, beijava um, beijava o outro, brincava de bicicleta, subia nas árvores, empinava raia, era o verdadeiro pai, pai convencional de uma família tradicional. Tinha as suas atividades religiosas, mas nunca deixou de dar atenção afetiva a todos os seus filhos, todos foram criados unanimemente, da mesma forma, menina e meninos", conta.
Para além dos filhos adotivos, há aqueles que passaram pela obra de Divaldo nas escolas da Mansão do Caminho, que atendem desde a creche ao ensino médio.
Marcos Xavier, de 39 anos, foi ao velório para agradecer Divaldo Franco. Ele, que estudou nas escolas do complexo no final dos anos 1990, fala sobre a história de sua irmã, Gabriela, que se formou enfermeira "graças à Mansão do Caminho".