Uma equipe formada por seis estudantes universitários venceu um hackathon organizado pela Receita Federal para a criação de soluções sustentáveis com o uso de 1,5 milhão de cigarros eletrônicos apreendidos.
O grupo formado por Caio Alcântara, Cecília Galvão, Heitor Cândido, Mariana de Paula, Nataly Cunha e Pablo Azevedo - alunos do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), que funciona dentro da Universidade de São Paulo (USP) - transformou os dispositivos em uma tecnologia assistiva que reutiliza 75% dos componentes do cigarro eletrônico e o transforma em um ativador por sucção para pessoas com deficiência, principalmente gente com mobilidade reduzida causada por condições como Esclerose Lateral Amiotrófica, Atrofia Muscular Espinhal, Paralisia Cerebral ou tetraplegia.
A tecnologia ganhou o nome 'SOPA', junção das palavras sopro e fala, funciona como alternativa ao teclado para aparelhos digitais e a sucção corresponde ao 'Enter'.
O grupo também criou um aplicativo, o SopApp, que pode ou não ser usado em conjunto com o SOPA e forma frases com auxílio de inteligência artificial, conforme hábitos do usuário, garantindo autonomia de fala. Segundo os estudantes, já houve contatos de profissionais interessados em utilizarem apenas o SopApp como plataforma de comunicação alternativa e aumentativa.
No Brasil, ativadores por sucção, a maioria importado, custam aproximadamente R$ 4 mil, mas o SOPA tem custo de R$ 40. A viabilidade comercial ainda está em análise pela Receita Federal.
Vivência com a diversidade - Caio Alcântara, Cecília Beatriz, Heitor Cândido e Pablo Azevedo cursam engenharia da computação. Mariana de Paula é aluna de sistemas de informação e Nataly Cunha estuda engenharia de software. Nenhum tem deficiência, mas foi a vivência com a diversidade que despertou no grupo a ideia da acessibilidade.
Pablo Azevedo foi estagiário na Turma do Jiló, organização que atua na construção de programas de educação inclusiva, e já havia participado de um projeto para surdez.
Carolina Videira, fundadora e líder da Turma do Jiló, explica que, quando o hackathon da Receita Federal foi lançado, os estudantes pediram uma reunião, da qual também participou a fonoaudióloga Daniele Voelin, para pensarem juntos em soluções viáveis.
A ideia do acionador por sucção surgiu, os estudantes pesquisaram o mercado e fizeram o estudo de viabilidade para o SOPA. A Turma do Jiló deu palpites e apoio institucional.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra detalhes do projeto (veja aqui).