O real foi a moeda que mais se valorizou frente ao dólar entre 9 de julho e 8 de agosto de 2025, com alta de 0,69%, devido à política econômica dos EUA e aos altos juros no Brasil.
Desde o anúncio do tarifaço dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, o real foi a moeda que apresentou maior valorização frente ao dólar no mundo, considerando o período entre 9 de julho e 8 de agosto. Os dados são da consultoria Elos Ayta, que comparou o desempenho do dinheiro brasileiro com outras 26 divisas.
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O presidente dos EUA, Donald Trump, mandou em 9 de julho uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informando sobre a tarifa de 50% sobre produtos brasileiro. A nova taxa entrou em vigor, com algumas exceções, em 6 de agosto. Durante todo esse período, o real teve uma elevação de 0,69%.
De acordo com os dados, apenas quatro moedas valorizaram em relação ao dólar no período. Além do real, o Sol do Peru (0,56%), o Rand Sul-Africano (0,52%) e o Dólar Australiano (0,12%). Outras quatro divisas permaneceram estáveis. O restante, 19 no total, perdeu para a moeda americana, incluindo o peso argentino, que desvalorizou 5,49%.
Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos, explica que a valorização do real frente ao dólar nesse período foi causada muito em razão da desvalorização global da moeda norte-americana, com uma previsibilidade cada vez menor com a política econômica de Trump e a possibilidade de corte de juros mais agressivo na próxima reunião do BC dos EUA, que vai ser em setembro.
“O principal motivo do mundo todo investir nos EUA era justamente contando com essa previsibilidade jurídica que eles tinham e de normas e regras do jogo extremamente claras. E essa previsibilidade causava bastante conforto para os investidores para alocarem dinheiro lá e terem as benesses do maior mercado de capitais do mundo. Mas os investidores perceberam que o Trump pode fazer o que ele quiser e isso afasta grande parte do capital que seria realocado por lá”, explica.
No cenário doméstico, Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange, afirma que alguns fatores sustentaram o real neste período, como os juros altos no Brasil, que acabam atraindo capital estrangeiro. “Hoje, o Brasil tem a segunda maior taxa real de juros no mundo, e a entrada de mais dólares no país acaba pressionando o câmbio para baixo”.