A inflação no Brasil acelerou um pouco menos do que o esperado em novembro apesar da pressão das passagens aéreas, e a taxa em 12 meses foi abaixo do teto da meta pela primeira vez em pouco mais de um ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou nos 12 meses até novembro alta de 4,46%, de 4,68% em outubro e expectativa de 4,49%.
Com isso, o IPCA em 12 meses volta a ficar abaixo do teto da meta contínua -- 3,0% medida pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos -- pela primeira vez desde setembro de 2024 (+4,42%).
Na base mensal, o IPCA subiu em novembro 0,18%, menor leitura para o mês desde 2018 (0,21%), depois de avançar 0,09% no mês anterior, mostraram os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado mensal ficou ligeiramente abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,20%.
Os dados do IPCA foram divulgados no dia em que o Banco Central anuncia sua última decisão de política monetária do ano, com ampla expectativa de manutenção da taxa básica de juros em 15%.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou recentemente que a autoridade monetária vai colocar os juros no nível necessário pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta, e que deve perseguir o centro do objetivo, não o teto.
Em novembro, o principal impacto positivo no índice foi exercido pela passagem aérea, com alta de 11,9% de 4,48% no mês anterior. Isso ajudou a inflação de serviços, ponto de atenção do BC em meio à resiliência do mercado de trabalho e à renda elevada, a acelerar para 0,60%, de 0,41% em outubro.
Já a hospedagem registrou avanço de 4,09% em novembro diante da alta de cerca de 178% desse serviço registrada em Belém por conta da realização da COP-30. Assim o grupo Despesas pessoais subiu 0,77% em novembro, de 0,45% no mês anterior.
A energia elétrica residencial também pesou com alta de 1,27% diante de reajustes tarifários em algumas concessionárias.
A bandeira tarifária para a conta de energia foi mantida em novembro como vermelha patamar 1, com cobrança adicional de R$4,46 a cada 100 kWh consumidos. Para dezembro, a Aneel informou que a bandeira será amarela e o consumidor passará a pagar R$1,885 a cada 100 KW/h consumidos.
Na outra ponta, o grupo Alimentação e bebidas voltou a cair, com variação negativa de 0,01%, sendo que a alimentação no domicílio fechou em queda pelo sexto mês consecutivo, de 0,20%.
O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em novembro alta a 56%, de 52% no mês anterior.
A mais recente pesquisa Focus do BC mostra que a expectativa do mercado para a inflação vem diminuindo, com projeção de que o IPCA encerre este ano com alta de 4,40%, com a Selic a 15,0%.