Haddad acusou a família Bolsonaro de influenciar a taxa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, criticou Tarcísio de "vassalo" por apoiar Trump e disse que a medida é um "tiro no pé" prejudicando São Paulo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, culpou a família Bolsonaro pela taxa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Em entrevista às mídias independentes, nesta quinta-feira, 10, ele também comentou a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre o tema, e não demonstrou convicção de que a tarifa vai, de fato, ser aplicada.
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"Não faz o menor sentido para as tradições diplomáticas brasileiras, um país que tem 200 anos de relação com o Brasil ter esse tipo de atitude. Ela só é explicável porque foi gestada dentro do Brasil. A única explicação plausível para o que foi feito ontem é porque a família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil e com um objetivo específico que é escapar do processo judicial que está em curso", afirmou.
O ministro justificou sua acusação apontando o vídeo postado por Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deputado licenciado que decidiu morar nos EUA, em que ele diz que "a conta chega" logo após o anúncio da taxação.
"O próprio Eduardo Bolsonaro disse a público que, 'se não vier o perdão, as coisas tendem a piorar', fazendo todos nós acreditarmos que esse golpe contra o Brasil, contra a soberania nacional, foi urdido por forças de dentro do país", declarou Haddad.
Ele continuou pedindo que a extrema direita reconheça ter dado um "tiro no pé" e que a taxação vai prejudicar o maior Estado do país, São Paulo, por ser o maior exportador para os Estados Unidos no Brasil.
Nessa leva, o ministro aproveitou para comentar o comentário de Tarcísio ao anúncio de Trump. Ele jogou a culpa da medida no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma publicação.
"O governador errou muito. Porque ou bem a pessoa é candidata a presidente ou é candidato a vassalo e não há espaço no Brasil para vassalagem", cutucou o ministro. "Ajoelhar diante de uma agressão unilateral? Sem nenhum fundamento econômico, sem nenhum fundamento político?", complementou.
Haddad iniciou sua fala afirmando que antes, quando os EUA haviam aplicado a tarifa mínima de 10% sobre o Brasil, ele já tinha discutido a questão com autoridades norte-americanas, buscando a redução dessa taxa inicial. Ou seja, para o ministro, a tarifa atual surgiu de um rompante político, sem "racionalidade econômica".
"Os EUA, como todo mundo sabe, são superavitário em relação a América do Sul como um todo e ao Brasil também", disse.