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Continuo a mesma Kátia de centro-direita, diz vice de Ciro em defesa de abertura comercial

17 ago 2018 - 09h43

Candidata a vice-presidente ao lado de Ciro Gomes na chapa do PDT, e responsável pela elaboração de plano de governo do pedetista para todo o setor agropecuário, a senadora Kátia Abreu defende maior abertura comercial do país para impulsionar as exportações e avisa: ainda continua "a mesma", com posicionamento de centro-direita.

Candidata a vice-presidente pelo PDT, Kátia Abreu, durante entrevista à Reuters 16/08/2018 REUTERS/Adriano Machado
Candidata a vice-presidente pelo PDT, Kátia Abreu, durante entrevista à Reuters 16/08/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Para a candidata, que já integrou os quadros do PMDB e do DEM, tal abertura não precisa ser repentina e deve ser negociada e articulada com todo o setor produtivo nacional, de forma a unir forças e, citando Guimarães Rosa, fazer a vida funcionar como "um mutirão de todos".

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"O Brasil é um país muito fechado e nós estamos chegando no nosso limite de ampliar as nossas vendas sem os acordos bilaterais", disse a parlamentar em entrevista à Reuters.

"Essa abertura não é para ser violenta para quebrar as pessoas. Tem que ser planejado, articulado com todo o setor produtivo nacional."

Kátia credita a falta de coragem para a abertura a uma postura corporativista e a um "protecionismo exacerbado".

Apesar da crítica, garante, não abandonou suas convicções adquiridas ao longo de anos no setor, inclusive quando presidiu a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e quando chefiou, durante o governo de Dilma Rousseff, o Ministério da Agricultura.

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"Ninguém tem dúvida do que a Kátia Abreu pensa a respeito do setor agropecuário. O fato de eu ter apoiado a Dilma, que por acaso era do PT, não significa que mudei o meu caráter, a minha personalidade ou o que eu penso. Eu continuo a mesma Kátia de centro-direita", disse a senadora, explicando que posicionou-se contra o impeachmet da então presidente por ter convicção de que era honesta, embora considere que o país precisava de uma "correção de rumo" naquele momento.

Segundo a senadora, o fato de seu companheiro de chapa tê-la escolhido para construir o plano de governo para todo a agropecuária já revela sua disposição com o setor.

"Eu acredito que a própria atitude dele, ao me convidar para escrever o plano de governo da agropecuária --não foi só do agronegócio que me pediu, pediu inclusive da agricultura familiar, das exportações, da logística, 'Kátia, tudo o que for importante para o agro'-- já demonstra e sinaliza as suas reais intenções com o setor, e esse setor conhece o que penso."

Sobre a polêmica proposta que traz nova regulamentação para a indústria de defensivos agrícolas --batizada como "lei do veneno" por críticos-- defendeu que haja menos burocracia e mais agilidade no processo de registro e autorização de novas substâncias.

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"No registro de novas moléculas de agroquímicos, a burocracia evita produtos mais modernos, que fazem menos mal à saúde humana e ao meio ambiente, e não se registra por uma burocracia burra", avaliou, em linha com o que pensa o setor, que critica a "morosidade regulatória" no país.

Para ela, há uma necessidade emergencial de reforma em toda a máquina pública de forma a torná-la eficiente, o que inclui órgãos envolvidos na questão dos agroquímicos, como a Anvisa.

"Para mim, não tem problema nenhum (parte da regulação) continuar na Anvisa. Preciso que o lugar funcione, porque nem o Ministério da Agricultura funciona. Não me incomodo com a Anvisa, desde que funcione."

A candidata argumenta ainda que não é possível produzir no clima tropical do país sem o uso de defensivos, mas defendeu o investimento na pesquisa dos chamados defensivos biológicos.

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VINGANÇA

Em outro posicionamento identificado com o de setores mais à direita, Kátia argumenta que não é necessário revogar a reforma trabalhista promovida pelo presidente Michel Temer, como chegou a propor Ciro. Admite, no entanto, a necessidade de corrigir algumas distorções --como a possibilidade de mulheres grávidas trabalharem em condições insalubres--, muitas delas objeto de medida provisória do governo que perdeu validade sem ser analisada pelo Congresso.

Para a senadora, a reforma produzida pelo Congresso na verdade é uma reação --exagerada, segundo ela-- a anos de "mão pesada" da legislação e da Justiça trabalhistas, que têm sua parcela de responsabilidade no produto final da discussão.

"Teve medida de vingança... Temos que retirar o carregamento de vingança de anos de mão pesada da Justiça do Trabalho, do Ministério do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho."

(Edição de Alexandre Caverni)

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