<br/>Dez meses após estrear na custódia de informações para financiamento automotivo, a Cetip prepara sua entrada no setor imobiliário. "Vamos começar a operar no final deste ano", disse à <I>Reuters</i> o diretor Comercial e de Produtos da companhia, Carlos Ratto. "Vamos ter uma parceria com cerca de três mil imóveis no País todo", adicionou.<br /><br /><br />O veículo para operar no segmento será a controlada GRV Solutions, que atua praticamente sozinha a custódia de dados de financiamento de veículos no Brasil. Mensalmente, são vendidos cerca de 1,5 milhão de veículos no País, incluindo motos, entre novos e usados. Ao redor de metade das vendas são financiadas.<br /><br /><br />O sistema, além de agilizar a análise das propostas de financiamento, forma um banco de dados que permite a elaboração de relatórios de inteligência, que são vendidos a bancos e instituições financeiras. A ideia é explorar as oportunidades que vão surgir com a expansão do ainda pequeno mercado imobiliário no País, especialmente quando se disseminarem instrumentos de financiamento lastreados no mercado de capitais. Como os prazos são bem mais longos do que nos empréstimos a automóveis, as chances de negócios são em tese ainda maiores.<br /><br /><br />Adquirida em dezembro de 2010 por R$ 2 bilhões, a GRV respondeu por 42% da receita da Cetip no segundo trimestre deste ano. Buscar fontes alternativas para continuar crescendo as receitas no ritmo de 40% têm sido o caminho da companhia de ambientes de negociação, enquanto o mercado de títulos de renda fixa e derivativos de balcão, eterna promessa do mercado brasileiro, não decola.<br /><br /><br />Outra janela criada recentemente com esse fim foi aberta em julho, quando a Cetip passou a operar com a Clearstream, da Deutsche Bourse, um novo sistema de gestão de colateral para reduzir riscos no mercado de derivativos de balcão. "Vai ser um forte vetor de crescimento à medida que a profundidade do mercado financeiro aumenta", disse Ratto. Na Europa, mais de 70% das operações com ativos de renda fixa, como debêntures, são colateralizadas, enquanto no Brasil esse índice não chega a 5%. <br /><br /><br />Para o executivo, vários fatores estão convergindo para o florescimento do mercado de títulos privados de renda fixa, como a queda dos juros e o crescente interesse de investidores por ativos que ofereçam rentabilidade superior. "Vai acontecer de forma parecida com o Novo Mercado da Bovespa", disse, referindo-se ao segmento criado pela bolsa para empresas com níveis superiores de governança. Criado no início da década passada, o Novo Mercado tinha apenas uma empresa listada até 2004. Hoje, são mais de 150 companhias.<br /><br /><br />A despeito da diretriz de diversificar as fontes de receita, a Cetip já decidiu que pelo menos uma janela não vai ser aberta: a renda variável. "A Cetip não vai concorrer com a BM&FBovespa no mercado de ações", assegurou Ratto.<br /><br /><br />Nos últimos meses, a Cetip, especialmente depois da parceria com a Clearstream, passou a ser vista como potencial candidata a parceria com uma empresa estrangeira para concorrer com a bolsa paulista.<br />
Fonte: Invertia
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