O Banco Central projetou nesta quinta-feira uma atividade econômica mais forte do que o previsto anteriormente para este e o próximo ano, apontando ainda que a inflação deverá atingir o centro da meta de 3% apenas no primeiro trimestre de 2028, permanecendo acima do alvo durante o período decisivo de 2027.
Em seu Relatório de Política Monetária, a autarquia estimou que a inflação no país estará em 3,2% no terceiro trimestre de 2027. O período é considerado chave por agentes do mercado porque passará a ser considerado o horizonte relevante para atuação da política monetária na reunião que decidirá o nível da taxa Selic no início de 2026.
"O compromisso do BC é com a meta contínua de inflação de 3,00%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido ao longo do horizonte relevante de política monetária", disse o BC no relatório.
O documento ressalta que a inflação corrente e as expectativas de inflação recuaram desde o relatório de setembro, mas permanecem acima da meta de 3%.
De acordo com a autoridade monetária, contribuíram para uma melhora nas projeções a inflação de curto prazo, expectativas de mercado e queda de preço de combustíveis associada ao dólar e ao petróleo mais baratos, apontou o documento.
Segundo o BC, um fator que evitou uma revisão mais forte para baixo das projeções de inflação foi uma estimativa "ligeiramente mais alta do hiato" do produto --diferença entre o nível de crescimento e a capacidade produtiva do país.
"O hiato do produto continua em níveis positivos, pressionando a inflação, mas a projeção é de queda ao longo dos próximos trimestres", disse.
O BC agora espera que o hiato fique em -0,4% no segundo trimestre de 2027, uma revisão para cima na comparação com o documento de setembro, que previa um hiato de -0,5% já no primeiro trimestre de 2027.
O BC decidiu manter neste mês a taxa Selic em 15% ao ano, sem indicar quando poderá iniciar um ciclo de corte nos juros e mantendo mensagem de "firme compromisso" com a meta de inflação, afastando parte das apostas de mercado de que a flexibilização na Selic poderia começar já em janeiro.
Segundo o relatório, a autoridade monetária vê uma chance de 26% de a inflação estourar o teto da margem de tolerância da meta de 1,5 ponto percentual neste ano, dado significativamente melhor do que os 71% estimados em setembro.
Esse risco é calculado em 23% em 2026, ante 26% no relatório anterior, e em 16% em 2027, contra 17% antes.
ATIVIDADE MAIS FORTE
No documento, a autarquia melhorou a estimativa para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 a 2,3%, ante patamar de 2,0% estimado em setembro, revisando ainda a previsão de crescimento em 2026 de 1,5% para 1,6%.
O Ministério da Fazenda previu em novembro uma expansão de 2,2% para o PIB de 2025, com alta de 2,4% no ano que vem. Já o mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 2,25% em 2025 e 1,80% em 2026.
Segundo o BC, a nova projeção para o PIB de 2025 reflete a surpresa ligeiramente positiva no terceiro trimestre, a reavaliação do desempenho esperado para o quarto trimestre diante de indicadores disponíveis até agora e a revisão de séries históricas.
Para 2026, apesar da elevação na estimativa, a autarquia afirmou que está mantida a "projeção de crescimento moderado ao longo do ano".
A autarquia tem tratado a desaceleração da atividade econômica como fator importante para o arrefecimento da inflação e o atingimento da meta.