Uma das mais conhecidas analistas de política da televisão de Portugal foi demitida. Raquel Varela deixa a emissora estatal RTP após 11 anos.
Crítica contumaz do crescimento da extrema direita no planeta e do partido ultraconservador Chega, ela sinaliza ter sido alvo de censura.
“A minha saída do comentário semanal da RTP não se deve certamente a audiências, já que em todos os programas onde estive elas subiram”, afirmou em comunicado.
“Há um quadro de mudança política no país. Está no poder um governo… com influência crescente do partido fascista Chega. Há uma situação mundial de degradação do modo de vida e do debate de ideias.”
Raquel defende o confronto de pensamentos e ideologias diante das câmeras. “Mas o que acontece é que a violência verbal, a desconfiança, a coscuvilhice se instalam nessa ausência de debatermos frontalmente as divergências.”
Demissões de ‘esquerdistas’ se acumulam
A retirada de Raquel Varela do time de comentaristas da RTP lembra a demissão inesperada de Daniela Lima da GloboNews.
Ela era a mais enfática crítica da direita autoritária e da extrema direita na TV brasileira. Virou alvo de ataques na internet quando ainda trabalhava na CNN Brasil.
Coincidentemente ou não, outros jornalistas à esquerda no espectro político foram dispensados este ano. A exemplo do analista sênior da norte-americana MSNBC Matthew Dowd, demitido após associar o assassinato do ativista de direita Charlie Kirk com o discurso ideológico dele próprio.
O veterano correspondente Terry Moran, da ABC News, perdeu o emprego devido a um post em que repreendeu o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e um assessor da Casa Branca, por supostos discursos de ódio em posts na internet.
Apresentadora declaradamente contra o governo de Israel, Briahna Joy Gray foi excluída do programa ‘Rising’, do portal de notícias ‘The Hill’. O estopim do desligamento teria sido a suposta impaciência da jornalista durante entrevista ao vivo com a irmã de um israelense mantido refém pelo Hamas.