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Real Digital: o que é e como pode mudar economia do Brasil para sempre

Moeda virtual surgirá no Brasil entre 2023 e 2024; segundo especialistas, (possível) substituto do real está alinhado com ativos digitais

15 ago 2022 - 05h00
Moeda virtual Real Digital poderá ser alocada numa carteira digital e servirá como forma de pagamento
Moeda virtual Real Digital poderá ser alocada numa carteira digital e servirá como forma de pagamento
Foto: rawpixel.com / Freepik

As moedas digitais, ou criptomoedas, surgiram com a promessa de substituir o dinheiro em papel, mas 13 anos após o lançamento do Bitcoin, não foi bem isso o que aconteceu: elas são mais usadas como ativos, ou seja, bens que podem ser negociados. Agora o Brasil planeja recuperar o conceito original das criptomoedas com o Real Digital (RD), versão virtual da nossa moeda, o real.

O novo conceito pretende modificar bastante as operações da economia brasileira, assim como o lançamento do Pix em 2020. Em resumo, ela poderá ser usada para fazer pagamentos, saques e transferência e terá o mesmo valor do real em cédulas e moedas. Se a população aceitar a ideia em larga escala, é possivel que o dinheiro físico seja ainda menos usado do que é atualmente.

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Como funcionará o Real Digital

O Banco Central vai criar uma carteira virtual para alocar o Real Digital, com a custódia de um agente (banco ou instituição de pagamento) autorizado pelo BC.

A ideia é que o RD permita pagamentos por meio desse banco autorizado, tanto nas lojas quanto para outras pessoas, além de saques e outras atividades. A moeda virtual ainda pode ser usado como investimento: seus valores seriam guardados em uma poupança nas carteiras digitais. O Real Digital também poderá ser convertido em depósitos bancários e reais físicos.

A categoria formal do Real Digital é de uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês), modalidade que pode ser de atacado ou de varejo. É de atacado quando é voltada para transações de altos valores, entre bancos e grandes instituições; e de varejo quando o foco são as transferências entre pessoas e empresas de todo porte, mediadas pelos bancos, que é o caso do RD. 

Uma das estratégias do Banco Central para incentivar as pessoas é que os bancos e fintechs (startups financeiras) possam emitir stablecoins, criptomoedas lastreadas em ativos como ouro e petróleo, na carteira do Real Digital. Assim, as pessoas poderão optar por operar essas stablecoins — consideradas mais estáveis que as criptomoedas tradicionais, como Bitcoin e Ether — em vez do Real Digital diretamente. 

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João Borges, mediador de uma palestra sobre o tema no evento Febraban Tech, ocorrido na semana passada em São Paulo, resumiu: “Todos concordam em dizer que a moeda digital é uma expressão da moeda soberana, o real, que se ajusta agora ao mundo em que estamos vivendo”.

Thamilla Talarico, sócia da EY e palestrante do painel, destacou que esse tipo de serviço pode ser muito bem aceito pelos brasileiros, que costumam ser entusiastas de inovações como essas e que aceitaram bem o Pix. “No contexto do auxílio emergencial, 105 milhões de downloads, e 65 milhões de pessoas usaram esse serviço de forma digital”, lembra. A previsão de implementação do Real Digital é entre 2023 e 2024.

Bancos comuns emitirão stablecoins lastreadas no Real Digital para clientes as usarem em vez do Real Digital diretamente
Foto: wayhomestudio / Freepik

É como as criptomoedas?

De acordo com Talarico, o Real Digital não é como as criptomoedas. Estas funcionam muito mais como um investimento do que como uma forma de pagamento. Além disso, diferentemente das criptos, que são emitidas por instituições privadas, o Real Digital terá o lastro do Banco Central, que é a autoridade monetária brasileira, o que já faz essa moeda ter uma maior segurança. 

As criptomoedas são vistas mais como ativos, que possuem uma volatilidade muito alta e mudam por oferta de demanda ou especulação. Já o Real Digital atuaria tanto como uma moeda quanto como um ativo, estando sujeito aos riscos fiscais do país, como inflação, por exemplo. 

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Ela vai acabar com o dinheiro físico?

A resposta é não, por enquanto. O plano do Banco Central é que a moeda virtual seja um complemento da moeda física. Até porque boa parte da população brasileira ainda não tem acesso a ferramentas digitais do sistema financeiro, ainda que o Pix e outras soluções venham mudando isso aos poucos.

Mas, com mais tempo de implantação, é possível que o dinheiro físico gradativamente desapareça e passe a ser apenas virtual.

Você pode se perguntar se há diferença entre o real que existe nas contas correntes de internet banking e o Real Digital. Enquanto os reais são responsabilidade do banco que captou o depósito, os Reais Digitais serão responsabilidade do Banco Central. Porém, para que o BC não fique com a competência de todos os RDs das pessoas, os bancos privados e fintechs terão uma autorização para "guardá-los".

O Real Digital não pretende — ao menos por enquanto — acabar com o dinheiro físico, mas essa realidade está cada vez mais próxima
Foto: GarryKillian / Freepik

Como vai mudar a economia 

Segundo Talarico, o Real Digital facilitará e dará mais eficiência a diversos serviços. Poderemos, com ele, começar a usufruir mais da chamada Web3. Trata-se de uma internet que incorpora conceitos como descentralização de dados, tecnologias mais seguras como a blockchain e economia baseada em tokens, ativos digitais de empresas de ramos diversos, da moda ao esporte e games.

“O que vai depender é onde vai estar essa sua carteira digital. Ou você vai manter o mesmo banco que você já tem [conta corrente] ou você vai usar uma outra instituição de pagamento, uma fintech por exemplo, que talvez ofereça tarifas menores para fazer a custódia disso”, explica Talarico.  

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Guardar a sua própria carteira digital, dizem os especialistas, apresentaria riscos como, por exemplo, esquecer a senha ou falecer sem deixar herança. Por isso, ele deverá ser mantido em alguma instituição financeira para protegê-lo bem. Afinal, digital ou não, seu dinheiro precisa ser muito bem guardado.

Fonte: Redação Byte
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