A Inteligência Artificial (IA) promete revolucionar a metodologia de previsão do tempo, tornando-a mais acurada, e prevendo, cada vez melhor e mais rapidamente, os eventos extremos trazidos pelas mudanças climáticas globais.
Tanto é assim que as grandes empresas de tecnologia não perderam tempo; Google, Nvidia e Huawei já desenvolveram seus modelos de previsão do tempo baseados em inteligência artificial.
O último a chegar ao mercado é o Aurora, da Microsoft, que se diferencia dos demais por inúmeros motivos, de acordo com um estudo publicado semana passada na Nature. O programa já está sendo usado com sucesso em um dos maiores centros de previsão do clima da Europa e consegue fazer previsões acuradas de até dez dias nas menores escalas já alcançadas.
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A maioria dos modelos em uso hoje oferece previsões globais e não regionais. Para previsões locais, é preciso adaptar os modelos, o que não é muito simples. Eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas em curso como ondas de calor e tempestades muito localizadas também são difíceis de prever.
Os modelos de previsão do tempo com IA são muito mais rápidos de serem desenvolvidos e atualizados. Os pesquisadores alimentam os modelos com grandes volumes de dados do tempo e do clima e treinam a IA a reconhecer padrões. Baseado nesses padrões, o modelo diz o que vai acontecer.
Mas, alertam os especialistas, os modelos de IA também precisam trabalhar junto com os modelos matemáticos tradicionais e também demandam dados do mundo real. Além disso, precisam ser interpretados por meteorologistas.
"O programa não conhece as leis da física, então podem aparecer umas coisas bem loucas", afirmou Amy McGovern, meteorologista da Universidade de Oklahoma, que não está envolvida no novo trabalho, em entrevista ao The New York Times.
Perdikaris e seus colaboradores treinaram o novo modelo não apenas para previsão do tempo, mas também para outros sistemas terrestres.
"Aurora é um importante avanço para sistemas de previsão mais versáteis", afirmou Sebastian Engelke, professor de estatística da Universidade de Genebra, que não participou do trabalho, também em entrevista ao The New York Times.
Para ele, a flexibilidade e a resolução do programa são as suas maiores contribuições.
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Alguns modelos de previsão do tempo com IA já estão sendo testados no mundo real. É o caso do Centro Europeu de Previsão do Tempo, que faz previsões para dezenas de países. Eles desenvolveram seu próprio modelo e o estão testando com sucesso desde fevereiro, juntamente com o Aurora e outros modelos.
Alguns canais locais de YouTube nos EUA também já estão usando modelos com inteligência artificial para prever a ocorrência de tornados - que são difíceis de prever com antecedência e muito localizados.