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Orangotango cega volta à floresta após cirurgia de catarata

Libertação de orangotangos na floresta não saiu como tratadores esperavam pois filhote foi deixado para trás

12 jan 2015 - 15h47
(atualizado às 17h24)
<p>Orangotangos após libertação</p>
Orangotangos após libertação
Foto: SOCP / BBC

Uma fêmea de orangotango foi devolvida à selva por veterinários após passar por uma cirurgia de catarata na Indonésia. O caso é considerado muito raro porque, além de ter sido submetido a uma operação incomum, o animal teve dois filhotes gêmeos em cativeiro.

A orangotango, que tem idade avançada para a espécie, 14 anos, ficou cega e começou a invadir plantações em busca de alimentos em 2008. Para que não fosse morta por fazendeiros, foi capturada pelo SOCP (sigla do Programa de Conservação de Orangotangos de Sumatra) e levada para um centro de tratamento no norte de Sumatra. Ela foi batizada de Gober pelos tratadores.

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Normalmente, os veterinários deixam machos e fêmeas separados nesse local, para evitar que cruzem e que mais animais fiquem em cativeiro. Porém, anos após sua chegada, os especialistas do SOCP concluíram que suas condições melhorariam se ela pudesse ter e cuidar de filhotes.

Assim, ela acasalou com Leuser, um orangotango que foi resgatado pela organização após ficar cego ao ser atingido por disparos de uma carabina de chumbinho. Os autores da agressão, moradores de um vilarejo da Indonésia, foram detidos. Gober teve dois filhotes gêmeos: um macho e uma fêmea.

Volta à floresta

A orangotango então foi submetida em 2012 a uma cirurgia incomum para a retirada da catarata e foi curada. Por causa disso, os veterinários decidiram libertá-la, junto com os dois filhotes, na floresta de Jantho, em uma área de conservação na região de Aceh. A operação ocorreu no início deste mês.

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Porém, o plano não saiu da forma que os veterinários planejaram. O filhote macho não se adaptou bem ao ambiente de selva e acabou sendo abandonado pela mãe.

Os tratadores deixaram que o filhote passasse a noite sozinho na mata, esperando que a orangotando e a filhote fêmea voltassem para buscá-lo. Como isso não aconteceu, o animal foi recolhido e voltou para o cativeiro.

"Ninguém acreditava que ela pudesse deixar um dos gêmeos para trás, pelo menos não tão rápido. Ficamos todos um pouco chocados com a velocidade em que isso aconteceu", afirmou Ian Singleton, responsável pelos animais no SOCP.

"Gober e Ginting (a filhote fêmea) estão indo bem, mas ainda não sabemos se elas um dia tentarão procurar por Ganteng (o filhote macho). Enquanto isso, o importante é que todos estão em segurança. Mesmo que ela não volte, ele também terá uma nova chance de viver livre na floresta em um futuro não muito distante”.

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Segundo John Kenedie, chefe da Agência Governamental de Conservação do Norte de Sumatra, a reintrodução de Gober na floresta faz parte de um programa de preservação de orangotangos em Aceh. Mais de 50 animais dessa espécie foram soltos na floresta de Jantho e eles já formam uma nova população.

"Mas infelizmente há orangotangos com menos sorte, que estão sendo mortos ou capturados na medida em que as florestas são destruídas", afirmou.

"Nós fomos um pouco otimistas demais ao esperar que Gober cuidasse dos dois filhotes enquanto ela mesma tinha que se readaptar à floresta após todos esses anos. Mas ela conhece a vida na floresta melhor que qualquer um de nós e provavelmente tomou a decisão que era melhor para os três", disse Singleton.

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