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Peixe come larva do mosquito da dengue em comunidades do RJ

Estratégia de controle biológico coloca o peixe “barrigudinho” em alagados, piscinas e subsolos de prédios abandonados

7 mar 2024 - 08h42
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Resumo
Peixes conhecidos popularmente como "barrigudinhos" são introduzidos em locais com água parada e comem as larvas antes que se transformem em mosquitos da dengue. O controle biológico é feito em toda a cidade do Rio de Janeiro, e nas comunidades, onde a chance de haver criadouros é grande, eles fazem a diferença.
Colocados em locais com água acumulada, criadouros do mosquito da dengue, o peixe barrigudinho come as larvas antes que elas virem mosquitos
Colocados em locais com água acumulada, criadouros do mosquito da dengue, o peixe barrigudinho come as larvas antes que elas virem mosquitos
Foto: Edu Kapps/SMS-Rio

Em locais abandonados ou de difícil acesso, como áreas alagadas tomadas por lixo e mato, o peixe popularmente chamado de “barrigudinho” come as larvas antes que elas virem mosquitos. No Rio de Janeiro, a estratégia controla a proliferação da dengue em regiões populares, como Vargem Grande, na zona oeste, e Piedade, na norte, além de outras áreas da cidade.

Antes de virar mosquito, os transmissores da dengue são larvas. O “barrigudinho” se alimenta delas, impedindo que virem insetos. O controle biológico dispensa aplicação de produtos químicos. Outra vantagem é que os “barrigudinhos” são resistentes à poluição da água e variações de temperatura. Na gíria carioca, é um “peixe de valão”, que sobrevive até no esgoto.

Agentes de saúde os depositam em locais onde a água não pode ser retirada, como alagados formados pelas chuvas, chafarizes, obras abandonadas, piscinas e caixas d´água. Os peixes proliferam rapidamente e visitas periódicas, entre 15 e 30 dias, verificam o processo. Se for necessário, mais “barrigudinhos” são introduzidos.

Barrigudinho é utilizado há décadas

“Nem todo peixe se alimenta predominantemente de larvas. O barrigudinho é selecionado como método de controle biológico justamente porque tem preferência pelas larvas do mosquito em relação a outros alimentos”, explica o coordenador de vigilância ambiental da Secretaria Municipal de Saúde, Rafael Pinheiro.

Os peixes só não podem ser colocados em áreas naturais, como rios, lagos e lagoas, para evitar que se tornem predadores. O Rio de Janeiro utiliza o método há mais de três décadas, em toda a cidade, fazendo diferença em regiões periféricas nas quais as condições de proliferação do mosquito da dengue são maiores.

Peixes barrigudinhos são colocados no chafariz no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Eles comerão as larvas do mosquito da dengue
Peixes barrigudinhos são colocados no chafariz no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Eles comerão as larvas do mosquito da dengue
Foto: Edu Kapps/SMS-Rio

Comendo larvas em parque aquático abandonado

A região de Vargem Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, é a que mais cresce, com grande quantidade de habitações precárias. Ali estão as favelas do Cachorro Sentado, Cascatinha, Rio Bonito e Rio Morto, entre outras. Em Vargem Pequena, ao lado, podem ser citadas a Favela da Beira do Canal e Coroados.

Uma das preocupações da população é o enorme parque aquático abandonado, com 400 mil metros quadrados, que funcionou por 20 anos. O Rio Water Planet alardeava ser o maior da América Latina. Tinha piscinas, rios e corredeiras artificiais, tobogãs e outras atrações.

Nas instalações abandonadas desde 2018, o acúmulo de água é inevitável. Mas não há dengue proliferando, garante a Secretaria Municipal de Saúde. Ali está um dos maiores criadores do barrigudinho da cidade.

“Não adianta esvaziar e limpar locais abandonados. Se for acumular água de novo, o peixinho ajuda bastante. O ideal é não ter larvas, mas se tiver, que ela morra antes de virar mosquito, cortando o ciclo”, diz Geiza de Andrade Moura da Silva, cria da zona oeste, educadora e ativista do Marias em Ação.

Em Piedade, peixes comem larvas sem dó

A região de Piedade, na zona norte, é um típico subúrbio carioca, com ao menos vinte favelas, como Caixa D´Água, na divisa com Quintino. Beco do Vitorino, Pau Ferro, Morro da Amália e outras, são vizinhas.

O ativista Mauro Poirier gostava de brincar com barrigudinhos quando era criança. “Heróis no combate a dengue”
O ativista Mauro Poirier gostava de brincar com barrigudinhos quando era criança. “Heróis no combate a dengue”
Foto: Acervo pessoal

Em Piedade, onde Zico despontou para o futebol, funcionou a Universidade Gama Filho, a primeira do subúrbio carioca, que teve notoriedade nacional. Fechada em 2014, as instalações incluem piscina, motivo de preocupação dos moradores. Mas, desde o fechamento, os peixes barrigudinhos comem larvas. O local está sendo transformado em um parque.

O “barrigudinho” está na memória afetiva de Mauro Poirier, cria da zona oeste. “Quando criança, gostava de brincar com ele, e hoje ele é um peixinho herói no combate à dengue na cidade”, diz o biólogo e diretor executivo da ong Defensores do Planeta.

Ele lembra que, Brasil afora, o peixe é chamado de nomes como lebiste, bandeirinha, sarapintado, arco-íris, guaru e bobó. Seu trabalho comendo larvas do mosquito da dengue acontece em diversos locais, como Uberaba, em Minas Gerais, e Parnaíba, no Piauí.

Fonte: Visão do Corre
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