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Quatro ocupações de moradia de Curitiba podem ser despejadas

Passeata leva milhares de pessoas ao centro da capital, realiza reunião, mas não garante fim dos despejos

25 out 2023 - 16h21
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Movimentos de moradia têm realizado mobilizações contra despejos em Curitiba. Capital paranaense tem 453 ocupações
Movimentos de moradia têm realizado mobilizações contra despejos em Curitiba. Capital paranaense tem 453 ocupações
Foto: Leonardo Costa

Famílias das ocupações de moradia de Curitiba e Região Metropolitana realizaram ontem (24), mais um ato, cuja principal reivindicação, levada a autoridades em reunião após a passeata, não foi atendida: o fim dos despejos. Os manifestantes pedem ainda o fortalecimento de cozinhas comunitárias e canais de negociação, como uma ouvidoria.

“Com certeza nada disso está garantido, essa pauta é permanente e as comunidades vão ter que seguir lutando, realizando outros atos para gerar uma pressão. Ainda não temos garantias. Sentimos que prefeitura e governo do Paraná não têm dado atenção ao drama das comunidades que podem ser despejadas”, relata Pedro Carrano, jornalista e coordenador da Frente pela Organização dos Trabalhadores (FORT).

As famílias se reuniram na praça 19 de Dezembro e caminharam até o Palácio das Araucárias, sede do governo estadual, onde ocorreu mais uma reunião, das inúmeras que vem sendo realizadas, sem, no entanto, conseguir garantir o fim das desocupações.

Existem 353 ocupações de moradia em Curitiba e Região Metropolitana. Quatro correm maior risco de despejo: Tiradentes II, na Cidade Industrial de Curitiba; Guaporé II, no Campo Comprido; Graciosa, em Pinhais; e Britanitte, no Tatuquara. Caso sejam desocupadas, não há destino digno garantido para as famílias de nenhuma delas.

Reunião no Palácio das Araucárias, em Curitiba. Apesar das discussões constantes, ainda não se conseguiu garantir o fim dos despejos
Reunião no Palácio das Araucárias, em Curitiba. Apesar das discussões constantes, ainda não se conseguiu garantir o fim dos despejos
Foto: Divulgação

Desunião entre ocupações seria notícia falsa

Segundo moradoras e lideranças ouvidas pela reportagem, a desunião entre as ocupações é uma notícia falsa para desmobilizar o movimento. Segundo Rosângela Reis, coordenadora da FORT, “muita gente diz que não há união entre as ocupações e que existe muita rivalidade. É mentira. Temos comunidades de todas as regiões de Curitiba lutando por moradia”, afirma.

Marcela Linhares, de 54 anos, moradora da ocupação Guaporé II, conta que os moradores se unem, principalmente, quando há risco de desocupação ou violência. “Não é porque agora não há polícia nos terrenos, que não precisamos ficar preocupados. Todo despejo nos coloca em risco. Quando eles acontecem, chegam lideranças de muitas comunidades nos ajudar a se reerguer”.

Ingrid Glória da Silva, da ocupação Tiradentes II, explica que a legitimidade do movimento está na união das comunidades “Nós conversamos na Campanha Despejo Zero, realizamos reuniões e decisões com as autoridades para que a gente esteja atento e pronto para cada tentativa de nos enfraquecer ou dividir”. 

Quatro ocupações com maior risco de despejo

A ocupação Britanitte é uma das maiores do bairro Tatuquara. Começou no início da pandemia de covid-19, em 2020, e reúne 407 famílias. O terreno pertence à empresa de mesmo nome, falida desde 2004.

A ocupação Tiradentes II, localizada no Cidade Industrial de Curitiba (CIC), reúne 64 famílias desde novembro de 2021. Elas ocupam um terreno particular ocioso pertencente ao aterro sanitário da empresa Essencis Soluções SA. A área tem mananciais, o que gera discussão ambiental sobre a ocupação.

Ingrid Glória da Silva, da ocupação Tiradentes II, discorda de que moradores são desunidos. Para ela, legitimidade está justamente na união
Ingrid Glória da Silva, da ocupação Tiradentes II, discorda de que moradores são desunidos. Para ela, legitimidade está justamente na união
Foto: Raissa Melo/ANF

A ocupação Guaporé II tem cerca de 100 famílias, reunidas após despejo ocorrido em dezembro de 2020, na CIC. O terreno é particular e acumula dívidas com o Estado desde 1999.

A ocupação Graciosa, localizada na cidade de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, é composta por cerca de 80 famílias que lutam pela regularização dos seus lotes.

Ocupações de moradia em Curitiba e Região Metropolitana

Segundo a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), a quantidade de ocupações de morador por regional administrativa é a seguinte:

Boa Vista: 108 ocupações

Cidade Industrial de Curitiba (CIC): 71

Cajuru: 61

Santa Felicidade: 56

Bairro Novo: 37

Pinheirinho: 35

Boqueirão: 33

Portão: 27

Tatuquara: 22

Matriz: 03

ANF
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