Escola de samba apresenta fantasias sustentáveis para desfile sobre sem-teto em SP
Fantasias com material reciclado ganham as ruas de São Paulo em fotos que transformam o Carnaval em manifesto por moradia
Escola de samba de SP estreia no Carnaval com fantasias sustentáveis feitas de materiais reciclados, abordando temas como moradia digna, sustentabilidade e protagonismo social, em parceria com o MTST.
A Casa do Samba Estrela Cadente, que estreia no Carnaval de São Paulo cantando o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), apresenta um ensaio fotográfico com suas fantasias feitas a partir de materiais recicláveis.
Elas foram criadas com itens reutilizados, como tampinhas, garrafas plásticas, sacos de lixo, sobras de espuma e cápsulas de café. As peças dão vida a alas que traduzem o enredo, resultando em um desfile que propõe refletir sobre sustentabilidade, moradia digna e protagonismo social.
Para revelar a força estética dessas criações, a fotógrafa Liz Yau idealizou um ensaio que ocupou as ruas da cidade, retratando cada fantasia em cenários reais escolhidos por seu simbolismo no enredo. O objetivo é reforçar o propósito da escola de dar voz a histórias necessárias e urgentes no Carnaval — entre elas, as mudanças climáticas.
Atividades do samba no espaço dos sem-teto
A Casa do Samba Estrela Cadente lançou seu samba-enredo sobre a luta por moradia no Casarão do MTST, no Bixiga, em São Paulo, onde também realiza seus ensaios. É a primeira vez que o MTST inspira o enredo de escolas de samba tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro.
O local escolhido para o lançamento é um símbolo da trajetória da luta por moradia. O casarão, erguido no início do século XX em estilo neoflorentino e tombado como patrimônio cultural, sediou a Delegacia Regional do Trabalho e hoje abriga o Casarão Cultural do MTST – Espaço Lélia Gonzalez.
O centro cultural está inserido em um bairro que foi território do quilombo urbano Saracura e, posteriormente, lar de trabalhadores negros, imigrantes italianos e migrantes nordestinos. Muitos viveram em cortiços e porões de antigos sobrados, do fim do século XIX até hoje, mantendo viva uma história marcada por resistência e diversidade.