PUBLICIDADE

Li Afrontosa conquista espaço no mundo real graças ao virtual

Digital influencer possibilita aprender, ensinar, trocar experiências, conhecer pessoas e lugares

7 out 2022 - 05h00
Compartilhar
Exibir comentários
Lidiane Oliveira, conhecida como Li Afrontosa
Lidiane Oliveira, conhecida como Li Afrontosa
Foto: Diego Rafael

No Brasil, muitas pessoas tentam através das redes sociais possibilidades de ganharem dinheiro, fama e levar mensagens para os diversos seguidores das plataformas digitais. Muitos brasileiros, principalmente com poucas condições financeiras, estão apostando na carreira de Influenciadores Digitais.

De acordo com a pesquisa da Nielsen, o país é campeão mundial em número de influenciadores digitais na categoria Instagram. São 10,5 milhões de pessoas com pelo menos 1 mil seguidores cada um, em média. O estudo contabilizou postagens feitas entre novembro de 2021 e abril deste ano nas plataformas Instagram, TikTok e YouTube.

“Digital influencer me proporciona conhecer pessoas e estar em lugares que nunca imaginei. Meu trabalho serviu de inspiração para a estilista Ale Valois, de São Paulo, a criar uma peça inspirada em mim, porém a moda sempre esteve muito distante de mim. Além disso, criar conteúdo me levou a conhecer um grande ídolo que eu sempre fui fã:  o cantor Péricles, - algo que para mim era muito distante”, diz a digital influencer Lidiane Oliveira, conhecida como Li Afrontosa, de 40 anos.

Ela, que é graduada em publicidade desde 2008, mora no bairro de Catu de Abrantes, cidade Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. Lidiane Oliveira diz que sempre gostou de falar e escrever, com isso familiares e amigos a incentivaram a criar conteúdo para redes sociais. “Eu sempre gostei de falar e escrever. Os meus familiares e amigos falavam que eu deveria criar uma página e criar conteúdo. E eu gostei da ideia”, esclarece.

Antes de ser digital influencer, Oliveira trabalhava em vários segmentos de trabalhos, pois já vendeu marmitas, caldos, além de trabalhar muitos anos como assessora de eventos. “Já trabalhei com muita coisa: já vendi marmitas e caldos. Também trabalhei muitos anos como assessora de eventos”.

Nos últimos três anos, ela trabalhava na Secretaria de Educação da Bahia, mas trocou a atividade para se dedicar exclusivamente a criação de conteúdo. “Criar conteúdo requer tempo, dedicação e no meu caso muitas horas de estudo. Para trabalhar como digital influencer a leitura é fundamental e acompanhar diferentes fontes de notícias é importante para estarmos atualizadas”.

Depois de tantas experiências, Lidiane Oliveira resolveu arriscar nas plataformas digitais com criações de conteúdos sobre pautas sociais e atualidades. “Faço vídeos e textos curtos falando de pautas sociais sempre com humor e /ou deboche. Sempre tive uma visão crítica e questionadora, entretanto entendi que existem diferentes formas de militar, denunciar ou se posicionar. Portanto, essa é à minha maneira”, afirma.

A influencer explica que é uma mulher fora dos padrões da sociedade, por isso o nome “Li Afrontosa”. “Uma mulher como eu querer influenciar as pessoas é uma Afronta (risos). Eu não tenho um ‘perfil’ comercial, sou totalmente fora dos ‘padrões’ estéticos aceitáveis. Sou preta e gorda que comenta sobre assuntos delicados, então não poderia ter outro nome, se não Li Afrontosa”, fala com firmeza.

Digital influencer, Li Afrontosa
Digital influencer, Li Afrontosa
Foto: Diego Rafael

As redes que ela desenvolve os trabalhos são Facebook, Twitter, TikTok e WhatsApp, mas é o Instagram que dá mais resultados positivos para a influencer. “O Instagram é a plataforma em que eu tive a resposta mais rápida do público. Já entendo como ele funciona e como o meu ‘forte’ são vídeos, ela me dá as ferramentas que preciso”.

Segundo a influencer, não existe uma fórmula pronta para ter boa visibilidade no Instagram, com ótimos resultados, contudo é necessário ter uma união de fatores como: criatividade, sagacidade, carisma e sorte.

Li Afrontosa diz que é uma mulher negra, pobre, gorda, nordestina e que sempre foi silenciada e inviabilizada. E essas dores deram forças para ela obter sucesso nas redes. “Esses atravessamentos me impulsionaram e me aproximaram de outras pessoas que se identificam comigo”, destaca.

E esses problemas ainda continuam na vida da influenciadora, em razão de sofrer preconceitos. “Sofri e ainda sofro. No começo fui muito ridicularizada, as pessoas, principalmente as conhecidas, riam e me chamavam de ‘blogueira’ de forma pejorativa”, lamenta e completa: “o preconceito está inserido na sociedade de diferentes formas, e eu lido com eles desde a minha existência, todavia enfrento e não deixo eles me pararem. Devemos sempre denunciar essas questões problemáticas. E eu faço isso diariamente”.

A influenciadora explana que recebe diariamente relatos de pessoas que sofrem preconceitos e matérias de discriminação.

“Teve um relato muito forte que eu usei como exemplo em um vídeo de uma mãe, que é minha seguidora. Ela tem um filho adolescente negro, que já foi parado e revistado pela polícia diversas vezes. A seguidora me relatou os cuidados que tem com o garoto, ou seja, com a aparência dele. Ela o orienta a não sair sem os documentos pessoais e não sair à noite sozinho, porém com toda essa orientação ela não consegue blindar ele dessas abordagens. O jovem tem amigos brancos da mesma idade e nunca foram abordados”, diz.

Mesmo com todos esses problemas, ser digital influencer têm benefícios, como anuncia Lia Afrontosa: “um dos maiores benefícios é o reconhecimento e o carinho, além de criar conexões de afetos com pessoas de todo o mundo”.

Para ela vale a pena ser influencer, já que é um trabalho de comunicação como muitos outros. “Você aprende, ensina, troca experiências, conhece pessoas e lugares”. Mas ela pontua que o desafio é “se manter interessante e equilibrar a exposição digital com a vida real”.

Foto: Diego Rafael

Ampliar debates

Além de ter uma rentabilidade, ela diz que o objetivo de criar conteúdo é ampliar os debates e fazer com que a mensagem chegue ao maior número de pessoas possíveis.  Desse modo, as plataformas digitais podem ajudar aos moradores das comunidades carentes. “As redes sociais democratizam o acesso à informação, pois denuncia tudo que está errado e gera renda. Você consegue vender produtos ou serviços com pouquíssimo investimento”, ressalta.

Li Afrontosa explana que moradores das comunidades podem ganhar dinheiro como digital influencer, por meio de um celular e internet. “Basta ter um celular com acesso à internet e descobrir o nicho que se identifica, a partir daí é começar a produzir. Além disso, a publicidade paga muito bem a influenciadores e têm plataformas que também pagam pelo conteúdo publicado. Por outro lado, quase nunca o retorno é instantâneo, mas se tiver paciência, vai conseguir”, aconselha.

Ela tem mais de 16 mil seguidores no Instagram e diz que o importante nessa plataforma é o alcance dos conteúdos e as interações. “O alcance é o que me deixa mais orgulhosa. Eu não tenho conteúdo sem interações reais, eu posto e instantaneamente as pessoas reagem, curtem, comentam, compartilham. Eu acho essa troca incrível. Sempre ganho seguidores como consequência do meu trabalho”, fala alegremente.

Foto: Diego Rafael

Conforme a influencer, a tecnologia das redes sociais é importante para as comunidades, pois ela “é o presente e essas pessoas não podem ficar à margem desse processo. Além disso, a tecnologia possibilita ganhar dinheiro vendendo produtos, comidas e também é possível pedir socorro para alguém que está sendo vítima de violência ou informar que uma área corre risco de desabamento, por exemplo”.

Li Afrontosa, que sonha em ser amplamente reconhecida e valorizada pelo trabalho, deixa uma mensagem para as pessoas que querem entrar no mercado nas redes sociais. “Estude a área que você quer atuar e o público alvo. Não se importe com as críticas, porque você estará exposta a elas e seja feliz”, finaliza.

ANF
Compartilhar
Publicidade
Publicidade