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Mães contam estratégias para viajar com crianças autistas: "Os detalhes são importantes"

Um bom planejamento e objetos de apego são essenciais ao viajar com um autista

14 dez 2023 - 05h00
(atualizado em 14/12/2023 às 15h23)
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O autismo é um transtorno de desenvolvimento neurológico que pode causar problemas como dificuldade na comunicação
O autismo é um transtorno de desenvolvimento neurológico que pode causar problemas como dificuldade na comunicação
Foto: Arquivo pessoal

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, é um transtorno de desenvolvimento neurológico que pode causar problemas, como dificuldade na comunicação e em interações sociais e alterações sensoriais. Pessoas com esse transtorno podem encontrar dificuldades em se adaptar em viagens, uma vez que o passeio representa uma ruptura em sua rotina.

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Ao Terra NÓS, mães de crianças autistas relatam suas experiências em viajar com os filhos autistas e dão dicas para outras mães e pais que procuram uma forma de afetar menos a rotina da criança. Uma delas é Taciana Oliveira, mãe de Pedro Victor, de cinco anos, autista não-verbal de nível 3 de suporte.

Apaixonada por viajar, tanto ela quanto o marido, Paulo Victor, compartilham esse amor com Pedro desde quando ele tinha quatro meses de idade, sua primeira ida à praia. Aos 11 meses, ele viajou de avião.

Taciana Oliveira é mãe de Pedro Victor, de cinco anos
Taciana Oliveira é mãe de Pedro Victor, de cinco anos
Foto: Arquivo pessoal

Apesar das viagens estarem praticamente na rotina da família, Pedro não gosta muito de viagens longas. Para isso, Taciane e o marido sempre levam os brinquedos favoritos do filho. "Sempre levo coisas da rotina dele, como brinquedos ou atividades que sejam do hiperfoco dele. E sempre procuro locais que sejam apropriados para crianças e que tenham indicação de inclusão de autistas", contou.

Um outro ponto importante destacado pela mãe é encontrar hotéis inclusivos e que não sejam muito barulhentos, além de ter uma alimentação adequada para a criança no cardápio. "Pedro tem seletividade alimentar. No café da manhã dos hotéis, por exemplo, ele quase não come, em restaurantes também. Então, sempre pedimos a mesma coisa para ele. Outra dificuldade é em relação à espera: se vamos a um local que tem filas, ele vai se desregular, por isso sempre pesquisamos os que são mais inclusivos", afirmou.

A preparação antes da viagem

Para Cristiane Duarte, mãe de João Gabriel, de 10 anos, autista de nível 1 de suporte, o percurso da viagem pode ser extremamente desconfortável para a criança, por isso ela precisa se sentir o mais confortável possível. No entanto, esse processo começa antes da viagem.

Cristiane Duarte é mãe de João Gabriel, de 10 anos
Cristiane Duarte é mãe de João Gabriel, de 10 anos
Foto: Arquivo pessoal

"Uma conversa sobre o assunto é importante, é preciso comunicar tudo e todos que farão parte da viagem. A criança autista precisa estar ciente de tudo o que irá acontecer para, então, se sentir confortável durante o percurso", explicou ela.

O lugar favorito de João é a praia. "Ele se sente relaxado ao tocar a areia e sentir a água em seus pés", contou ela, que procura evitar lugares muito movimentados e barulhentos por causa do filho.

João tem sensibilidade sensorial, ou seja, sons altos, cheiros ou texturas específicas o incomodam. Essa sensibilidade é uma das características do autismo e causa desconforto na criança, podendo levar a uma crise. "Procurar distrair a criança com desenhos ou deixá-la mexer no celular, se entretendo com os joguinhos que ela gosta, e usar abafadores de som é a melhor forma de ajudar a criança nesses momentos", afirmou Cristiane, contando que João também tem seletividade alimentar.

A ansiedade em crianças autistas

Celine Oliveira é mãe de Lucca Valentin, de cinco anos
Celine Oliveira é mãe de Lucca Valentin, de cinco anos
Foto: Arquivo pessoal

Quando a criança é ansiosa, é preciso ainda mais cuidado ao introduzir pequenas mudanças para uma futura viagem, como relata Celine Oliveira, mãe de Lucca Valentin, de cinco anos, autista de nível 1 de suporte com TDAH. "O Lucca é muito ansioso, muitas das vezes não podemos avisar com antecedência, porque ele não tem ainda noção de tempo. Vamos conversando e inserindo coisas sobre a viagem ao longo dos dias, e sempre fazemos programas que incluam atividades que o interessa", disse ela.

Essa foi uma das maneiras mais eficazes que Celine encontrou para preparar o filho para as viagens e, segundo ela, os detalhes são importantes. "Antes de chegar o dia da viagem, ele acaba tendo vários episódios de desregulação por causa da ansiedade. Algumas vezes, falamos sobre a viagem um dia antes dela acontecer", explicou Celine. Dessa forma, ela consegue evitar as crises de Lucca e, com os detalhes da viagens, ele fica mais calmo.

E, para criar um ambiente mais acolhedor para a criança durante a viagem, Celine nunca esquece os carrinhos de brinquedo e o ursinho do filho. "Objetos de apego são essenciais nessas ocasiões. Eu também costumo levar o travesseiro dele para que ele se sinta mais próximo de casa", ressaltou.

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Planejamento

Segundo as especialistas em desenvolvimento infantil e Transtorno do Espectro Autista (TEA) Silvia Kelly e Márcia Azevedo, da instituição Potência Desenvolvimento Infantil, em primeiro lugar, é preciso levar em consideração a singularidade de cada criança autista na hora de planejar uma viagem.

"É de suma importância um bom planejamento, levando em conta a distância, lugar, clima, hospedagem e deslocamento para os passeios", explica Silvia.

"Na sequência, e não menos importante, pensar em previsibilidade, preparando a criança para a viagem, é outro ponto fundamental que pode auxiliar a família neste processo, reduzindo a ansiedade e possíveis desorganizações comportamentais. A utilização de indicadores, incluindo os recursos visuais como fotografia e material concreto, é uma boa proposta operada como estratégia de aprendizagem", completou.

Se referindo ao caso de Lucca, ela ressaltou que o planejamento é aplicado com antecedência de acordo com a previsibilidade da criança. Se, para a criança autista, o melhor é um dia antes, é assim que deve ser feito.

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Márcia explica que, ao inserir o planejamento da viagem na rotina da criança, elas podem apresentar algumas dificuldades que podem ocasionar em crises. "Por esse motivo, é fundamental tentarmos manter o máximo de organização frente às demandas da criança, abarcando alguns pontos pareados com sua rotina original, como horário do sono, banho e alimentação", contou.

Em casos de sensibilidade sensorial na viagem, como o de João Gabriel, quando há uma sobrecarga no sistema sensorial sendo ele estimulado de forma abrupta e como consequência não dando conta de absorver ou processar informações adicionais do ambiente, uma dica que pode ser usada como estratégia é prever os lugares a serem evitados, de acordo com as necessidades específicas da criança.

"E também usar a comunicação como aliada, explicando o que está acontecendo durante a viagem pode ajudar a reduzir a ansiedade, evitando desencadear incertezas por parte da criança. É fundamental que a criança possa se sentir segura e confortável", afirmou Márcia.

Para facilitar a viagem, é possível pensar em vários recursos que podem ser úteis para a criança, como jogos de celular ou tabuleiro, mas sempre com a supervisão dos responsáveis. Além disso, as especialistas afirmam que viajar pode resultar em novos aprendizados para a criança e sua família.

"Sendo assim, diante dessa proposta, alguns dos benefícios emocionais e sociais que podem impactar no processo do desenvolvimento das crianças de um modo geral, apresenta-se o aumento de frequência nas habilidade de autoconfiança e independência pessoal, incluindo a autonomia", finalizaram.

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Fonte: Redação Nós
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