Virginia e Zé Felipe: como a separação e viagens afetam os filhos do casal?
Ao Terra, especialista comentou debate que começou na internet e ganhou contornos sérios
Virginia Fonseca e Zé Felipe, após o divórcio, enfrentam debates sobre os efeitos da separação e ausência parental nas crianças, com especialistas destacando a importância da presença enquanto pais para minimizar impactos emocionais.
A influenciadora Virginia Fonseca, de 26 anos, e o cantor Zé Felipe, de 25, anunciaram a separação em maio deste ano após cinco anos de relacionamento. Desde então, os dois têm viajado bastante a trabalho e também para visitar os novos respectivos romances. Em meio a tantas viagens, os seguidores do ex-casal começaram a fazer piada com o assunto: “Quem está cuidando das crianças?”.
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A empresária, por exemplo, já foi três vezes para Madri, na Espanha, para visitar Vinícius Júnior, seu affair. O filho de Leonardo, por sua vez, além da agenda de shows, já esteve algumas vezes em Londrina (PR), onde se hospedou na mansão de Ana Castela, e também fez uma viagem de pescaria com a nova namorada para o Pantanal.
O ex-casal dispõe de uma rede de apoio extensa para cuidar dos herdeiros --Maria Alice (4), Maria Flor (2) e José Leonardo (1). Além dos familiares, como os avós Leonardo, Poliana Rocha e Margareth Serrão, eles também sempre contam com o auxílio de babás profissionais --um profissional exclusivo para cada criança.
Após o debate sobre como a separação e a ausência parental podem afetar as crianças ganhar força nas redes sociais, a reportagem do Terra consultou Matheus Karounis, doutor em Psicologia e professor da PUC-Rio, para entender mais sobre o assunto. Segundo ele, toda separação --seja ela harmoniosa ou litigiosa-- representa um dano para as crianças, pois marca um momento de ruptura.
“Pra gente entender os danos que uma separação pode causar, precisamos entender um conceito chamado parentalidade. Parentalidade é basicamente a soma de vários fatores que fazem com que a criança reconheça alguém como sua persona cuidadora, em geral, pai e mãe. Quando essas pessoas deixam de ser um casal, ocorre uma confusão na mente da criança. Ela começa a ter dúvidas: ‘Quem devo seguir? A quem devo pedir ou falar?’. Na visão daquela criança, ela perde a referência e, na terapia, tentamos nortear, mostrar que mesmo separados, os pais continuarão sendo pais daquela criança”, avaliou.
O especialista explica que a separação pode afetar as crianças de formas diferentes. No caso de crianças menores de três anos, como Maria Alice e José Leonardo, o impacto tende a ser menor, já que a maioria das experiências desse período é esquecida. Já para crianças com quatro anos ou mais, como Maria Flor, muitas já compreendem algumas dinâmicas familiares e, por isso, sentem mais a ruptura.
“Uma criança de até 3 anos não tem muito forte em sua mente a dinâmica familiar, é o que chamamos de flexibilidade positiva. Ela consegue se adaptar facilmente às mudanças de status, pois os conceitos ainda não estão consolidados na mente dela. Futuramente, será como se sempre tivesse tido pais separados”, explicou ele. “Pra mim, o período mais sensível é entre os 4 e 8 anos, quando a criança entende o conceito de família, de como aquele núcleo funciona. Nessa fase, ela pode ser mais sensível à separação.”
Apesar da inevitável ruptura, o psicólogo reforça que não existe hora certa para se separar e desencoraja que os pais mantenham o relacionamento apenas pelos filhos. “Obviamente, quanto mais velha a criança, mais ela percebe que os pais brigam o tempo todo e que parecem dois rivais. Não se separar pode ser até pior, porque a criança é a esponja da relação: ela vai absorver tudo o que está sendo produzido naquele ambiente tóxico”, alerta.
As consequências da ausência
De acordo com o doutor Karounis, muitos pais, após a separação, acabam se afastando dos filhos --seja por opção ou por questões profissionais, como ocorre com Virginia e Zé Felipe. O conselho do especialista é que tentem se fazer presentes o máximo possível, já que, somada à separação, a ausência parental pode acarretar problemas emocionais graves.
Segundo ele, embora crianças menores de três anos geralmente não se lembrem dessa fase inicial da vida, a falta de contato pode fazer com que não reconheçam o genitor como figura parental, ou seja, como aquele responsável por seus cuidados. “Em casos de longas ausências, é comum que apresentem até estranhamento”, observou.
No caso de crianças um pouco mais velhas, entre quatro e oito anos --como Maria Alice--, a ausência pode gerar sentimentos de rejeição, que podem evoluir para mudanças de humor, dificuldades de socialização e conflitos internos. “A orientação sempre vai ser tentar ao máximo ser presente. E, para quem viaja, é importante ligar, falar por vídeo ou voz, demonstrar que se importa e que, de alguma forma, está próximo”, destacou o psicólogo.
Para crianças que já apresentam algum tipo de sintoma, o doutor Matheus Karounis recomenda acompanhamento terapêutico. Ele afirma que não há idade mínima para começar e que uma separação é sempre um bom momento para iniciar o processo. “Com os menores de até 3 anos, é algo mais lúdico, quase um aconselhamento parental. Depois, com os de 4 a 8 anos, passa a ser mais uma terapia familiar, com falas e trocas. A ideia é sempre levar antes que os danos sejam causados, para que assim possamos minimizá-los”, concluiu.
Em suas redes sociais, Virginia mostrou que Maria Alice e Maria Flor fazem terapia. As duas já tinham sessões com a psicóloga desde antes do anúncio da separação dos pais.