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Raiva: o que explica a morte de três crianças em um mês em Minas Gerais

Secretaria de Saúde diz que casos são "pontuais", mas especialista avalia situação como crítica e sem controle

5 mai 2022 - 05h00
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Morcegos podem transmitir a raiva entre humanos e outros animais
Morcegos podem transmitir a raiva entre humanos e outros animais
Foto: Reprodução (Sistema Brasileiro do Agronegócio/SBA) / Estado de Minas

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou pelo menos três mortes ocasionadas por raiva humana no último mês, e ainda investiga um caso suspeito. As vítimas são todas crianças, entre elas uma pré-adolescente indígena, de 12 anos, que morreu na última segunda-feira, 2.

A subsecretária de Vigilância em Saúde do estado, Herica Vieira Santos, afirma que os casos são "pontuais" e que as três vítimas pertenciam à mesma comunidade rural. Além disso, ao menos duas delas entraram em contato com morcegos.

"Tivemos um caso pontual e as medidas de controle e bloqueio vacinal já estão sendo realizadas para conter o avanço. Nós não temos mais nenhuma notificação de casos suspeitos", diz a gestora. Segundo ela, a pasta também tem feito vacinação preventiva na comunidade.

Apesar do posicionamento da SES-MG, o médico sanitarista Sérgio Zanetta, professor de Saúde Pública e Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, avalia que a situação no estado é crítica.

"Uma perda de controle sobre a transmissão da raiva", resume. 

Por que a raiva mata

A raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus do gênero Lyssavirus, que pode ser transmitido por mamíferos domésticos e silvestres. De acordo com Zanetta, normalmente cão e gato são vetores do vírus, mas há também contaminação através de macacos e do gado infectado por morcegos. 

A transmissão ocorre por meio da mordida ou arranhão de um animal contaminado. Os sintomas são parecidos em humanos e animais, com quadros de paralisia, confusão mental, agressividade ou mudança de comportamento e convulsões. 

"Esse vírus tem uma predileção especial pelos terminais nervosos do organismo. Avança rapidamente até o cérebro onde provoca uma série de lesões", explica o médico sanitarista. 

A raiva ainda não tem cura e, apesar da sua letalidade, é considerada uma doença negligenciada. Essa avaliação é do professor Paulo Eduardo Brandão, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. 

No entanto, a vacina e o soro antirrábico são os protocolos mais adequados em caso de mordida ou arranhão por algum animal, principalmente se for silvestre.

"Eles são seguros e absolutamente eficientes em evitar a doença", reforça. 

Qualquer pessoa que tenha sido atacada por um animal deve ter atenção. Se for doméstico, ele precisa ficar preso por dez dias, tempo que a doença leva para se manifestar no cão ou gato. Se o bicho de estimação não apresentar sintomas, é um indicativo de que a pessoa atacada não está doente.

Já no caso de animais silvestres, o protocolo a ser seguido é considerar que o animal tem raiva e aplicar vacina e soro antirrábico, de acordo com o quadro clínico do paciente. O médico sanitarista Sérgio Zanetta acrescenta que essas medidas devem ser adotadas antes que a doença se espalhe pelo corpo. 

Casos de raiva em MG

O primeiro caso de raiva foi notificado em 11 de abril, na cidade de Bertópolis. De acordo com a SES-MG, o diagnóstico foi confirmado na data, por meio de um exame laboratorial. A vítima era um pré-adolescente de 12 anos, que vivia em uma aldeia indígena, e morreu no dia 4 de abril. 

A menina, da mesma idade, também passou por exames laboratoriais para investigar a contaminação pela doença. A confirmação saiu no dia 19 de abril.

Dois dias antes, uma criança de cinco anos, que morava na mesma aldeia, morreu sem apresentar qualquer sintoma da doença. Segundo o jornal Estado de Minas, uma investigação indicou a causa do óbito. A SES-MG informou que os casos estavam relacionados à mordida de morcego. 

Fonte: Redação Terra
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