Psyllium, chamado de 'Ozempic de pobre', ajuda mesmo no emagrecimento?
O psyllium, fibra solúvel extraída da planta Plantago ovata, ganhou apelido popular de “Ozempic de pobre” nas redes sociais, em referência ao medicamento indicado para diabetes e emagrecimento. Mas será que essa comparação faz sentido?
Segundo a nutricionista clínica Amanda Figueiredo (USP), o psyllium pode, sim, contribuir para a perda de peso, mas não deve ser visto como solução milagrosa.
“Por ser uma fibra solúvel, o psyllium absorve água no estômago e forma um gel viscoso que retarda o esvaziamento gástrico, prolongando a saciedade e reduzindo a ingestão calórica ao longo do dia”, explica.
Esse efeito faz com que a pessoa sinta menos fome entre as refeições. Porém, segundo a especialista, isso não significa que o psyllium emagrece por si só.
“É importante destacar que ele não promove emagrecimento de forma isolada. Seu papel é potencializado quando inserido em uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes, com déficit calórico e associado à prática regular de atividade física”, reforça Amanda.
Além do peso: benefícios para a saúde
Embora esteja em alta pela associação ao emagrecimento, o psyllium tem outros efeitos positivos já reconhecidos pela ciência.
“Ele auxilia na regulação do trânsito intestinal, tanto em casos de constipação quanto de diarreia, e contribui para o controle do colesterol e da glicemia, por retardar a absorção de açúcares e gorduras no intestino”, afirma a nutricionista.
Outro ponto importante é o impacto na saciedade. “Ao formar um gel no estômago, o psyllium aumenta a sensação de saciedade, o que pode ser um suporte interessante na gestão do peso”, acrescenta.
Para que os efeitos sejam garantidos, no entanto, a hidratação deve ser prioridade. Sem água suficiente, os resultados podem ser negativos.
“Quando o psyllium é consumido sem a ingestão adequada de água, pode causar constipação, desconforto abdominal, gases e até risco de obstrução intestinal”, alerta Amanda.
Como consumir e quem deve evitar
“A recomendação é misturar uma colher de sopa de psyllium em um copo de água ou suco e ingerir imediatamente. Também é possível adicioná-lo a iogurtes, vitaminas, panquecas e crepiocas”, sugere a especialista.
Mas, como qualquer suplemento alimentar, o psyllium tem contraindicações. Pessoas com alergia à Plantago ovata, com obstrução intestinal ou dificuldade para engolir devem evitar o uso. Além disso, o consumo deve ser orientado em situações específicas.
“Gestantes, lactantes, crianças e pessoas em uso contínuo de medicamentos precisam de avaliação profissional, já que o psyllium pode interferir na absorção de alguns fármacos”, explica Amanda.
Chamar o psyllium de “Ozempic de pobre” pode ser um exagero, mas a fibra tem, sim, espaço em uma rotina alimentar saudável. Usado corretamente, ele ajuda no controle da saciedade, da glicemia e do colesterol, além de favorecer a saúde intestinal.