Problemas de saúde do Faustão têm relação com obesidade do passado?
Apresentador, de 75 anos, foi submetido a quatro transplantes em apenas um ano
Aos 75 anos, Fausto Silva, o Faustão, está internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde maio, onde tratou uma sepse e foi submetido na quarta-feira, 6 e na quinta-feira a duas cirurgias: transplante de fígado e retransplante de rins.
Com isso, o apresentador já foi submetido a quatro transplantes em um ano: em 2024, ele realizou um nos rins e outro no coração devido a uma insuficiência cardíaca.
No passado, Faustão foi obeso e passou décadas apresentando o "Domingão", na TV Globo, com sobrepeso. Em 2009, ele fez uma cirurgia de redução de estômago e perdeu mais de 40 quilos.
Na época, ele passou por uma cirurgia de tratamento para obesidade, que, tinha a promessa de manter sua diabetes sob controle. A técnica da operação foi criada pelo médico goiano Áureo Ludovico de Paula.
Apesar de ter tratado a obesidade, será que os problemas de saúde atuais de Fausto e as necessidades de transplantes têm relação com o sobrepeso do passado?
"A obesidade é um fator de risco importante para diversas doenças crônicas que, ao evoluírem, podem levar à falência de órgãos e necessidade de transplantes", explica Dra. Patrícia Almeida, Hepatologista pela Sociedade Brasileira de Hepatologia.
Em relação aos órgãos transplantados pelo artista, a especialista detalha:
•Coração: A obesidade contribui significativamente para doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidemia e insuficiência cardíaca — todas condições que sobrecarregam o coração. Com o tempo, podem causar cardiomiopatia ou falência cardíaca, tornando o transplante necessário.
•Rins: O excesso de peso também está associado à doença renal crônica (DRC), principalmente por meio de condições como diabetes e hipertensão. Essas doenças afetam progressivamente os rins, podendo levar à insuficiência renal terminal.
•Fígado: A obesidade está diretamente relacionada à esteatose hepática, que pode evoluir para esteato-hepatite gordurosa, fibrose e cirrose — estágio que muitas vezes exige transplante hepático.
"É possível que a obesidade pregressa, especialmente se associada à síndrome metabólica, tenha contribuído para a deterioração desses órgãos. No entanto, existem outras causas que podem estar envolvidas, como doenças autoimunes, genéticas, infecciosas ou medicamentosas", complementa e médica.
A insuficiência cardíaca tem relação com o sobrepeso ou pode ser um problema de nascença?
Ambos os cenários são possíveis:
• Sobrepeso e obesidade: São causas frequentes de insuficiência cardíaca adquirida. O excesso de gordura corporal aumenta a demanda metabólica e pode levar à hipertensão, diabetes e apneia do sono — fatores que, juntos, sobrecarregam o coração e podem causar insuficiência cardíaca ao longo dos anos.
• Condições congênitas: Embora mais raras em pessoas mais maduras, algumas cardiopatias congênitas (como cardiomiopatias hereditárias ou defeitos estruturais) podem permanecer assintomáticas por anos e se manifestar tardiamente.
• Outras causas adquiridas: infecções (como miocardite), uso crônico de medicamentos cardiotóxicos e fibrilação atrial também podem levar à insuficiência cardíaca.
"No entanto, em uma pessoa com histórico de obesidade, a causa mais provável é mesmo adquirida — por sobrecarga metabólica e cardiovascular ao longo da vida", analisa a médica.