O que é hérnia inguinal bilateral, problema que deverá levar Bolsonaro a outra cirurgia
Problema acontece quando há uma abertura na parede abdominal na região da virilha que permite o extravasamento de alças intestinais e outros tecidos
Uma hérnia inguinal bilateral deverá fazer o ex-presidente Jair Bolsonaro deixar temporariamente a prisão para passar por mais uma cirurgia. A necessidade do procedimento foi confirmada por peritos médicos da Polícia Federal, e o político aguarda agora a autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a intervenção.
Mas como se forma uma hérnia inguinal e como é feita a cirurgia para tratar o problema?
A hérnia acontece quando há uma frouxidão ou abertura na parede abdominal/pélvica que permite o extravasamento de alças do intestino ou de outros tecidos por meio dessa abertura. O quadro leva à formação de um caroço e pode trazer dor e desconforto, em especial durante esforço físico.
Quando esse extravasamento ocorre na região da virilha, a hérnia é chamada de inguinal. Ela é considerada bilateral quando atinge a virilha direita e a esquerda simultaneamente.
De acordo com Paulo Barros, cirurgião do Aparelho Digestivo do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os principais fatores de risco para esse tipo de hérnia é ser do sexo masculino, ter passado por cirurgia de retirada da próstata e ter histórico familiar do problema. "Cerca de 30% dos homens terão hérnia inguinal ao longo da vida, contra somente 3% das mulheres", diz.
O tratamento da hérnia é essencialmente cirúrgico e consiste em "empurrar" o conteúdo da barriga para dentro e colocar uma tela de polipropileno (um tipo de plástico) na área afetada. "É essa tela que faz a contenção da parede abdominal, ou seja, o fechamento desse buraco."
O especialista explica que a maioria das cirurgias de hérnia são eletivas, ou seja, feitas de forma programada, sem urgência, mas alerta que, em alguns casos, o quadro pode se agravar e exigir uma intervenção imediata.
"Saindo essas alças intestinais e elas ficando presas, isso pode virar uma urgência, que a gente chama de estrangulamento, e o paciente tem que operar de emergência", diz.
Para pacientes com hérnias pequenas, a chance de um estrangulamento agudo é de 3% a 4%, segundo o médico. "Mas ela não pode ser negligenciada. Ela precisa ser acompanhada desde o momento do diagnóstico até a cirurgia."
Como é feita a cirurgia de hérnia inguinal
O cirurgião explica que a cirurgia para a colocação da tela pode ser feita tanto da forma tradicional, com um corte na virilha, quanto pela via laparoscópica, em que as incisões são muito pequenas (5 a 8 milímetros) e o procedimento é feito com o auxílio de uma câmera inserida no interior do paciente por meio dessas incisões. A cirurgia laparoscópica pode ser feita com ou sem a tecnologia robótica.
O tempo médio de duração do procedimento cirúrgico é de uma hora e meia a duas horas e pacientes sem complicações nem comorbidades podem ser liberados do hospital no mesmo dia ou no dia seguinte.
A recuperação completa, no entanto, é mais demorada. "A gente orienta o paciente a ter uma parcimônia nas primeiras duas a três semanas: não carregar peso, não fazer atividade física, não ficar muito tempo em pé, mas ele pode caminhar e fazer atividades normais do dia a dia."
