Nova prótese cerebral pode transformar pensamentos em falas e palavras
Inovação na área da saúde pode fazer com que alguns pacientes vítimas de AVC voltem a se comunicar, por exemplo
Cientistas desenvolveram próteses cerebrais que decodificam pensamentos em palavras e falas, oferecendo potencial para reestabelecer a comunicação em pacientes com AVC e ELA, mas ainda estão em fase de testes e levantam debates éticos.
Cientistas e estudiosos têm desenvolvido uma nova prótese cerebral que permite que pessoas sem capacidade de falar se comuniquem através desse dispositivo. As interfaces cérebro-computador (ICCs) têm demonstrado bons resultados em testes e leem pensamentos transformando-os em falas e palavras reproduzidas instantaneamente.
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Um grupo, liderado pela cientista Erin Kunz, realizou um estudo nos últimos dois anos e concluiu que as ICCs são promissoras no restabelecimento da comunicação entre pessoas com paralisia, mas também têm suscitado discussões sobre seu potencial para decodificar a fala interna privada, ou seja, sobre como lidar com falas que não queremos compartilhar
A pesquisa foi publicada no portal Cell nesta quinta-feira, 14, e indicou um grande avanço, já que foi possível concluir que a 'fala interna' é normalmente representada no córtex motor e que as frases podem ser decodificadas em tempo real por meio desses aparelhos.
Através da decodificação, foi possível analisar que muitos indivíduos relatam vivenciar um "monólogo interior" e que passam pela vontade de voltar a se comunicar, principalmente em casos de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs).
"Os sistemas atuais exigem que os usuários tentem produzir a fala da melhor maneira possível, o que pode ser cansativo e ter limitações de velocidade inerentes para usuários paralisados", diz o relatório compartilhado pela equipe de especialistas.
O sistema criado por eles foi testado com quatro pacientes e demonstrou alcançar um vocabulário amplo, conectado a um dicionário, com mais de 125 mil palavras disponíveis. Além disso, após os estudos foi possível separar as frases internas das externas e treinar o equipamento para diferenciá-las, além de responder comandos como "liga e desliga" vindos da "fala interna".
Ainda em fase de testes, as ICCs não são muito práticas para serem usadas ou transportadas, já que são equipamentos de 2, 4 ou 6 eletrodos conectados diretamente na região pré-central do crânio.
Vale lembrar que este é um modelo de teste liderado por um grupo de cientistas que busca encontrar uma solução para a falta de comunicação entre pessoas com sintomas de ELA e AVC e não deve ser disponibilizado ao grande público em um futuro próximo
Não há projeções de uma comercialização do experimento ou de uma eventual data de inauguração no sistema de saúde.