Mãe descobre que filho tem paralisia cerebral após ele sofrer queda da escada: 'Primeiro impacto foi chorar'
Foram os exames solicitados no hospital após a queda que apontaram dois cistos congênitos no cérebro de Domênico, de 2 anos
Após uma queda, Domênico, de 2 anos, foi diagnosticado com cistos congênitos, paralisia cerebral e dificuldades motoras. A família, moradora de Cruzeiro (SP), enfrentou desafios no tratamento, mas celebra os avanços no desenvolvimento da criança.
Foi após o filho sofrer uma queda da escada que a funcionária pública Paloma Trinta, de 29 anos, recebeu um diagnóstico inesperado. Domênico Trinta, de 2 anos, ficou com um grande galo na cabeça. Preocupados, os pais o levaram ao hospital, mesmo a criança aparentando estar bem. Longe de imaginar, Paloma sairia dali com a suspeita de cistos congênitos no cérebro do filho -- e meses depois, com o diagnóstico confirmado de paralisia cerebral.
Moradores de Cruzeiro (SP), a família já desconfiava de algo diferente. "Ele balbuciava, mas nunca formou uma palavra de fato. Nunca me chamou de mamãe", contou Paloma ao Terra. "Como temos um filho de 4 anos que falou cedo, percebemos a diferença, mas tentamos ser otimistas."
O desenvolvimento de Domênico sempre foi lento. Aprendeu a engatinhar com muita fisioterapia. Andou só com 1 ano e 3 meses, após muito esforço. "Pedia encaminhamentos por instinto", disse Paloma. "A pediatra dizia que cada criança tem seu tempo, mas me atendia."
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O incidente aconteceu num domingo quando a criança brincava com o irmão na casa da avó. Enquanto os adultos conversavam, Domênico subiu rapidamente na escada. "A gente sempre se reveza para dar uma olhada se estava tudo bem. Mas em um momento de descuido, ele subiu a escada. Cresceu um galo grande na testa muito rapidamente, o que me preocupou, e fomos no mesmo instante ao hospital enquanto colocávamos gelo", relembra a mãe.
No hospital, Domênico parecia bem. O médico pediu uma tomografia por precaução e o menino até brincou nos corredores enquanto a família esperava o resultado, contou Paloma. "Eu até me acalmei, e ri do fato de todos estarmos preocupados e ele já fazendo bagunça."
Mas ao sentar para descansar, Paloma teve um pressentimento. "Senti que algo ia aparecer no exame." Quando a médica os chamou, sua suspeita se confirmou. "Se estivesse tudo bem, ela nos teria liberado", pensou.
A médica explicou que havia dois achados não relacionados à queda. Eram cistos congênitos. "Ela disse que não era urgente, mas que precisávamos procurar um neuropediatra. Contei sobre os atrasos do Domênico e que já havia suspeito de autismo", disse a funcionária pública.
A família teve que esperar até as 8h para liberação. A médica recomendou terapias imediatas. A consulta com neuropediatra só estaria disponível um mês depois, em Taubaté, a 90km de distância.
"Meu primeiro impacto [ao saber dos cistos] foi chorar, mesmo que de forma mais branda. Porque foi como um alívio de entender o porquê meu filho era diferente e começar algum caminho de ajudá-lo. Eu não acreditava que estava passando de novo algo assim. Pois perdi uma filha há 6 anos, com 26 dias de vida e hidrocefalia e cardiopatias congênitas, após ela realizar uma cirurgia na cabeça. Meu esposo ficou bastante triste, mas ficou um pouco mais forte que eu e nos amparou ali no hospital", contou a mãe.
A trajetória do tratamento
Na tarde em que o filho recebeu alta hospitalar, Paloma procurou a pediatra dele. A médica forneceu encaminhamentos para terapia ocupacional e psicólogo, visando estimular seu desenvolvimento.
Porém, o plano de saúde não cobria terapeutas ocupacionais em sua cidade. Como a opção particular era financeiramente inviável, conseguiram apenas uma psicopedagoga. "Ela tem nos ajudado muito e ele tem evoluído significativamente", relatou a mãe.
Na consulta com a neuropediatra, após diversos exames, receberam a informação de que autismo estava descartado. Porém, os cistos poderiam afetar a coordenação motora e a fala de Domênico.
"Na saúde dele diretamente não impactou, mas sim na rotina com tratamentos. Extremamente cansativo, terapias multidisciplinares 4 vezes na semana", desabafou Paloma. "Cada um que nos ajuda nessa jornada, como os avós, tem sido importante."
Os exames foram também partes difíceis, exigindo internações e acessos venosos. "Foram momentos mais tensos para nós", confessou a mãe, lembrando dos choros e gritos do filho durante os procedimentos.
Um dos momentos que marcou a família foi quando a neurologista sugeriu o uso de órteses -- dispositivos externos que modificam a estrutura e função do corpo, ajudando a estabilizar e imobilizar articulações --devido à má coordenação motora direita de Domênico.
Mas pouco depois, a mãe também teve esperança ao ver o filho falar as primeiras palavras. "O Dom começou 'mamãe... mamãe... Foi muita emoção... logo veio 'papai... auau, vóvó...' e muitas outras."
Em 26 de novembro do ano passado, os exames confirmaram a presença de dois cistos congênitos no cérebro de Domênico, além de paralisia cerebral e comprometimento da coordenação motora. Entretanto, a médica fisiatra trouxe alívio aos pais: "Ele tem um atraso leve considerando que ele só tem 1 ano e 10 meses. Fiquem tranquilos, vamos observar de 6 em 6 meses, e por hora não será preciso intervir".
"Foi nosso milagre acontecendo", recordou Paloma. A neuropediatra também avaliou que não seria necessária cirurgia, o que trouxe ainda mais tranquilidade à família.
"Hoje, o tratamento está mais leve, apesar da rotina muito corrida com duas crianças pequenas e as terapias do Domênico durante a semana", relatou a mãe. "Mas somos gratos por cada vitória, vendo alegria nas pequenas conquistas."
Atualmente com 2 anos e 2 meses, Domênico apresenta um desenvolvimento animador. "Ele brinca, corre, faz bagunça, até demais", brinca a mãe. "Já está conseguindo formar pequenas frases, ganhou um leque de palavras, e nos surpreende a cada dia!", finaliza ela.