FDA autoriza sachês de nicotina nos Estados Unidos
Produto foi liberado como alternativa ao cigarro tradicional e indica avanço nas estratégias de produtos sem fumaça
A FDA autorizou a venda do ZYN, primeiro sachê de nicotina nos EUA. Sachês apresentam menor risco de câncer e outros problemas de saúde.
A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, autorizou pela primeira vez a venda de sachês orais de nicotina, marcando um passo significativo na busca por alternativas menos prejudiciais ao cigarro convencional. O ZYN, produzido pela Swedish Match pertencente à Philip Morris International (PMI), se tornou, em janeiro deste ano, o primeiro sachê de nicotina autorizado nos Estados Unidos. A decisão foi tomada após extensas revisões de estudos científicos, que avaliaram os sachês de nicotina como uma opção melhor para adultos fumantes.
Os sachês de nicotina são pequenas bolsas de celulose que se dissolvem na boca, liberando nicotina para ser absorvida pelo organismo. A aprovação da FDA indica que, em comparação com cigarros convencionais, esses produtos apresentam menor risco de câncer e outros problemas de saúde.
De acordo com Matthew Farrelly, Ph.D., diretor do Office of Science no Center for Tobacco Products da FDA, para obter autorizações de comercialização, a agência precisa de "evidências suficientes de que os novos produtos oferecem mais benefícios à saúde da população do que riscos". A FDA concluiu que os sachês de nicotina atendem a esse critério, beneficiando adultos que não conseguem ou não querem deixar de fumar.
O médico oncologista Alexei Peter dos Santos, mestre em Education Technology na Universidade da British Columbia, diz que parar de fumar é a melhor forma de prevenir o aparecimento de doenças, mas muitas pessoas não conseguem abandonar o cigarro, mesmo com políticas de cessação e campanhas de conscientização. Para ele, a abordagem de redução de danos é crucial para esses indivíduos.
Ele explica que o fumante de cigarros tradicionais fica exposto a mais de 6 mil componentes carcinogênicos. “Quando passa a usar os sachês, há a nicotina, que causa dependência, mas com muito menos carcinogênicos”, explica. Isso porque, boa parte das substâncias que aumentam o risco de câncer estão na fumaça dos cigarros, ou seja, são liberadas com a combustão do tabaco.
O especialista destaca que a aprovação da FDA é um primeiro passo para usar os sachês como alternativa ao cigarro. Ele alerta que a regulação permite controlar as ações de marketing para impedir que o produto atinja o público jovem, evitando novos dependentes de nicotina.
Os sachês ainda não estão autorizados no Brasil. O médico expressa preocupação com a falta de regulamentação, porque os produtos já estão no mercado ilegal. "Nós precisamos ter a nossa própria experiência e adaptar essas políticas para a nossa realidade”, afirma. “Esses produtos devem ser regulados e controlados”, diz.
O produto faz parte da estratégia da PMI para passar de fabricante de cigarros convencionais para a posição de líder em produtos sem fumaça. Esses produtos já totalizavam mais de 38% da receita líquida total da PMI no primeiro semestre de 2024. Desde 2008, a PMI já investiu mais de 12,5 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento de produtos sem fumaça.
A categoria de produtos livres de fumaça inclui além dos sachês, dispositivos eletrônicos com tecnologia de tabaco aquecido, que aquece o tabaco por indução, sem queimá-lo, reduzindo a exposição dos compostos tóxicos em até 95% em relação ao cigarro convencional. A tecnologia de tabaco aquecido ainda não é comercializada no Brasil, mas já está presente em mais de 90 mercados, como a União Europeia, Nova Zelândia, México e Canadá.