6 frases que não devem ser ditas a uma pessoa com obesidade

A obesidade é um problema de saúde com forte influência genética, que também recebe impacto direto do meio em que a pessoa está inserida. Isso significa que, em uma sociedade favorável ao crescimento da obesidade, pessoas com predisposição genética correm ainda mais riscos de desenvolver a doença

• Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra

Tratar a obesidade como um problema de saúde complexo, retirando a culpa dos ombros de quem sofre com isso, ajuda a reduzir os estigmas associados à doença e contribui para um tratamento mais adequado e uma melhor qualidade de vida.

Notícias relacionadas

Se pode ser dengue, pode ser grave: conheça as estratégias de enfrentamento do Ministério da Saúde

Vacina do Butantan contra a dengue estará disponível no início de 2026, diz ministro da Saúde

Menino pede saúde para a mãe com depressão em carta ao Papai Noel: 'Sonho em passar o Natal bem'

Pensando nisso, separamos seis frases que não devem ser ditas a uma pessoa com obesidade ou com sobrepeso. Veja a seguir:

• “É só fechar a boca”

Essa frase reduz a obesidade a uma questão de escolha, quando, na verdade, trata-se de uma doença crônica e multifatorial. A obesidade envolve fatores genéticos, hormonais, metabólicos, emocionais e sociais, enquanto o ato de comer é um mecanismo complexo, que envolve fome, saciedade e sobrevivência. Esse tipo de comentário reforça estigmas que dificultam a busca por tratamento.

• “Você não tem força de vontade”

Essa é uma afirmação falsa e injusta. Pessoas com obesidade, em geral, já passaram por diversas tentativas de emagrecimento, dietas restritivas e mudanças de rotina. Além de não ajudar, essa frase culpa o indivíduo por uma condição de saúde e ignora fatores que dificultam a perda de peso.

• “Você deveria fazer exercício físico”

Embora a atividade física seja importante para a saúde, esse tipo de frase parte do pressuposto de que a pessoa com obesidade não se exercita. Muitas já praticam exercícios, mas enfrentam limitações físicas ou outros obstáculos. A prática de atividade física deve ser incentivada com acolhimento e orientação profissional, e não com cobrança.

• “Você engordou”

Apontar o ganho de peso de alguém não é necessário, nem gentil. O corpo pode mudar por diversos motivos, como tratamento médico, gravidez, transtornos emocionais ou problemas hormonais. Comentários desse tipo não demonstram preocupação real com a saúde, apenas expõem a pessoa e causam constrangimento.

• “Você é linda de rosto, só precisa emagrecer”

Embora pareça um elogio, esse comentário é uma forma de violência disfarçada. Ele sugere que a pessoa só será realmente bonita se tiver um corpo magro, reduzindo seu valor a um padrão estético. Além disso, reforça a ideia de que corpos gordos são menos dignos, afetando diretamente a autoestima e a saúde mental.

• “Por que você deixou chegar a esse ponto?”

Essa pergunta está carregada de julgamento e culpa. Ninguém “se deixa” ficar doente de forma consciente. O aumento de peso normalmente ocorre de forma gradual e pode estar associado a fatores como luto, estresse, sobrecarga ou dificuldades no acesso aos cuidados de saúde. Esse tipo de questionamento causa constrangimento e afasta a pessoa de conversas honestas sobre seu estado de saúde.

Linguagem que prioriza a pessoa

A Person-First Language (PFL), ou Linguagem que Prioriza a Pessoa, é uma abordagem que coloca o indivíduo antes da sua condição ou diagnóstico. Essa forma de comunicação foca na humanidade e na individualidade da pessoa, e não na doença, buscando promover respeito e combater o estigma.

Assim, ao se referir a alguém que tem obesidade, o ideal é dizer o que a pessoa tem, e não o que ela é. Por exemplo, em vez de “uma pessoa obesa”, utilize “uma pessoa com obesidade”. A doença não define o indivíduo.

Frases que aumentam o estigma e dificultam o tratamento

Utilizar termos pejorativos ou repetir frases estigmatizantes não ajuda no tratamento da obesidade. Pelo contrário: esse tipo de abordagem pode desencadear outros problemas de saúde, como ansiedade e depressão, além de favorecer o isolamento social.

Pessoas com obesidade já enfrentam dificuldades para receber atendimento adequado, muitas vezes tendo qualquer sintoma associado automaticamente ao peso. Esse estigma afasta pacientes do consultório médico e da vida social, reduzindo ainda mais as chances de tratamento eficaz.

Além disso, a pressão social --que, muitas vezes, parte da própria família-- aumenta a sensação de culpa e ansiedade, podendo gerar efeitos contrários ao desejado. Em vez de ajudar, esse comportamento reforça o preconceito e dificulta o cuidado com a saúde.