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Meu espírito natalino ficou na Lapônia

20 dez 2017 - 09h36
(atualizado em 21/12/2017 às 11h36)
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Foto: Mãe com Prosa

Meu espírito natalino ficou na Lapônia

Foto: Michelle Dufour Mãe com Prosa

Sei que vão me considerar rabugenta demais e sei que uma mãe exemplar deveria ser fofa, sensível e incorporar o espírito natalino para dar exemplo aos filhos. Cadê a magia, Michelle?  E o imaginário das meninas? Tadinhas! Mas sabe como me sinto nesta época do ano? Rabugenta demais, nada fofa e bem pouco incorporada ao espírito natalino. Sabe qual é a grande questão? Ninguém me tira da cabeça que deveríamos ser gentis o ano inteiro,  presentear (com lembrancinhas) quem gostamos, escrever cartões carinhosos para os amigos queridos, cumprimentar o motorista de ônibus, dar um sorriso pro porteiro do prédio 365 dias por ano e não apenas na segunda quinzena de dezembro (na primeira ainda não estamos assim tão no clima, não é?).

Há uns 40 anos acho bem esquisito como a bondade toma conta do planeta em dezembro, como num passe de mágica. Me lembro direitinho de quando as meninas eram bebês e num 24 fui dar uma volta pelo bairro com o meu carrinho de dois lugares que mais parecia um trenó de papai noel e todos aqueles que sempre cruzaram comigo e com as minhas meninas e nunca notaram a nossa existência, paravam, olhavam bem pra gente e desejavam sorridentes um lindo natal.

Tá certo, uma das minhas melhores amigas sempre me diz pra amolecer o meu coração endurecido, que é melhor ter um período (24 horas para muitos) em que as pessoas exercem  a gentileza do que em nenhum momento. Melhor isso do que nada! É um bom argumento num mundo tão esquisito, egoísta, sem senso de coletividade, cheio de guerras, pobreza, riqueza demais, muito olho na tela e pouco olho no olho, mas….

Me sinto verdadeiramente desconfortável em ter de explicar para as minhas filhas por que razão a vizinha que nunca, nunquinha fala oi pra gente e corre pra entrar no carro quando cruzamos com ela na garagem, vem e traz um panettone na véspera do natal. E por que familiares que não trocam uma mensagem sequer durante o ano (nem pelo grupo do zap) se encontram no dia 24, se abraçam, trocam gentilezas que só voltarão a ser trocadas no 24 do ano seguinte.

Tá bom, estou aqui pensando que o espírito natalino pode sim ser um super aprendizado para os filhos e que o grande ensinamento que eu posso passar para Elisa e Manu é observarmos juntas quantas possibilidades o homem tem de mostrar que pode ser bom, generoso, delicado, conciliador e por muito mais tempo do que por uma noite de Natal.

Mãe com Prosa
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