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Fazenda de 250 anos resgata história e comida paulista

Com casarão tradicional feito de taipa, a Fazenda Capoava oferece lazer e boa gastronomia em Itu (SP) – e ‘revive’ o passado da região

29 abr 2014 - 14h22
(atualizado às 14h26)
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Foto: Divulgação

O casarão ainda imponente é feito de taipa, construção à base de argila comum no período colonial. Fazenda histórica de Itu, a apenas 1 h da capital paulista, a Capoava só foi transformada em hotel em 2000. Hoje é possível conhecer um pouco dos seus mais de 250 anos de história, que foi em grande parte preservada e valorizada pelos atuais proprietários, Paulo Almeida Prado e Neka Setúbal, herdeira do Itaú.

As refeições são servidas na sede, onde viviam os senhores da época em que a fazenda produzia açúcar.  Junto à Casa Grande, estão as senzalas dos escravos domésticos, aqueles que serviam e conviviam com os senhores do engenho do século 18. Até mesmo as senzalas foram transformadas em chalés confortáveis, mas com as paredes originais preservadas.

Foto: Divulgação

Já a construção de outros 18 chalés, mais distantes da sede, revela tijolos de outro período. Era a morada dos italianos que vieram a partir de 1890 para trabalhar na fazenda, que em meados do século 19 já produzia café. A história, que mostra os ciclos de muitas propriedades paulistas, pode ser vivida onde o visitante dorme e come na Capoava. Não só pelas paredes, portas e janelas, mas também pela comida, que resgata receitas tradicionais do estado.

Comida tradicional

Receitas que foram passadas de geração a geração em cadernos estão expostas no local, como o pudim de pão da Didi, de 1942, ou a polenta italiana. A receita de polenta, trazida pelos imigrantes, foi modificada aos ingredientes brasileiros e tornou-se tradicional também nos pratos do interior paulista. “Como os escravos africanos, os italianos foram ‘acaipirados’, adaptando-se à comida paulista”, explica um dos painéis no Espaço Memória Capoava.

Uma espécie de pequeno museu, o espaço mostra como foi a formação do local e da fazenda através de seu cotidiano. Funcionando onde ficava o moinho de café da fazenda, o local conta com maquinário usado antigamente para moer o café, incluindo a roda d´água que antes gerava a energia para a usina de açúcar, e também com tecnologia, para recontar a história do estado desde a época dos bandeirantes.

Foto: Crícia Giamatei / Terra

Lista de escravos

Um grande painel com os nomes – e os números – de escravos que trabalharam no local impressiona. A lista, encabeçada por “João Carpinteiro, pardo, 34 annos”, descreve outros “pretos”, “africannos” e, tal qual a escritura de imóvel, escravos e bens móveis de 1885 da antiga Fazenda Japão  (como a Capoava foi chamada no período). Também há um anúncio de venda ou troca de um escravo ao lado de outro que vende ferramentas num periódico da época. A dica é conhecer o espaço antes de partir para as opções de lazer da fazenda, assim você pode reparar nos detalhes imbuídos de história no local.

Passeios

As cavalgadas são grande atrativo dos turistas que frequentam a fazenda (o passeio custa a partir de R$ 80). Também há um passeio de caiaque pela lagoa dentro da propriedade, onde é possível brincar com os micos (R$ 30). Já  a piscina climatizada, saunas (seca e úmida), quadra de tênis e caminhada são atividades gratuitas. 

Além de trilhas por pastos, mata e montanhas, as caminhadas têm como destino outras fazendas históricas da região – para quem curte o tema – e também o secular Armazém da Concórdia, que ainda tem a variedade dos artigos de armarinho, mas atrai mais turistas a passeio. 

Preços:

Fim de semana: diárias a partir de R$ 1.040,00 o casal

Feriado 1º de maio: diária a partir de R$ 1.475,00 o casal. Crianças entre 6 e 12 anos acompanhada pelos pais pagam R$ 178,00 por diária e até 5 anos não pagam.

Inclui pensão completa (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar)

Preços consultados em maio de 2014

Receitas da fazenda por Heloísa Bacellar

Heloísa Bacellar, chef do Lá da Venda, em São Paulo, criou receitas especialmente para a Capoava. Entre elas, não poderia faltar a moqueca paulista, “uma receita bem rústica, saborosa e tradicional na cozinha paulista”, de acordo com Heloísa. Também a tigelada de chuchu é um “soufflés simples, caseiro e despretensioso”, segundo a chef. “A receita aparece em muitos cadernos antigos de receita e faz parte da cozinha trivial das senhoras das fazendas e donas de casa mais abonadas das cidades.”

Moqueca paulista (serve 6 pessoas, 3h de preparo)

Ingredientes

- 1 frango caipira médio em pedaços, se quiser, com os miúdos (ou 1Kg de pedaços a sua escolha);
- 2 cebolas grandes em cubinhos;
- 4 dentes de alho picadinhos;
- 1 folha de louro;
- 4 xícaras de água;
- 25 g de manteiga;
- 4 tomates bem vermelhos, sem pele e sem sementes, em cubinhos;
- ½ xícara de azeitona verde em lascas;
- ½ xícara de salsinha;
- 2 xícaras de farinha de mandioca não muito torrada;
- 4 ovos cozidos;
- 2 folhas médias de bananeira (descarte o talo central e divida as laterais e 12 partes de uns 20 cm cada uma);
- Sal e pimenta-do-reino

Modo de preparo

Numa panela grande, cozinhe o frango com metade da cebola e do alho, o louro, sal e a água por uns 40 minutos, até a carne amaciar e se soltar dos ossos. Passe os pedaços de frango para um prato e mantenha o caldo no fogo até reduzir a 1 xícara. Enquanto isso, descarte a pele e os ossos do frango e separe a carne em lascas.

Aqueça a manteiga, doure ligeiramente a cebola restante, acrescente o alho, espere perfumar, junte o tomate, o frango, o caldo, a azeitona e deixe ferver. Separe 12 folhas de salsinhas para decorar, pique o restante e coloque na panela. Acerte o sal e a pimenta, junte a farinha de mandioca e mexa até conseguir um pirão bem grosso e que descole da panela. Retire do fogo e deixe amornar. Divida cada ovo em 3 rodelas.

Aqueça o forno a 200ºC (médio-alto) e separe uma assadeira grande. Com cuidado para não se queimar, segure cada parte de folha de bananeira e passe sobre a chama do figão até amolecer e brilhar.

Divida a moqueca em 12 partes e, no centro de cada quadrado de folha, coloque uma parte da moqueca com 1 rodela de ovo e 1 ramo de salsinha por cima, depois dobre como um pacotinho e coloque na assadeira (se quiser, corte tirinhas de folha e amarre). Leve ao forno por uns 30 minutos, até que a folha
da bananeira esteja bem dourada. Serva em seguida, cada um abre seus pacotinhos no próprio prato. 

Foto: Divulgação
Tigelada de chuchu (4 porções, 1h de preparo)

Ingredientes

- 2 chuchus maduros, sem casca, sem caroço e em cubinhos;
- 50 g de manteiga;
- 1 cebola média em cubinhos;
- 1 dente de alho picadinho;
- 1/3 de xícara (chá) de salsinha picadinha;
- 2 colheres (sopa) de farinha de trigo;
- 1 xícara (chá) de leite;
- 2 colheres (sopa) de queijo meia-cura ou parmesão ralado;
- 2 ovos;
- Manteiga para untar e farinha de rosca para polvilhar;
- Sal

Modo de preparo

Em uma panela média, aqueça ½ tablete de manteiga, doure ligeiramente a cebola, junte o chuchu, um pouquinho de sal, tampe e cozinhe em fogo baixo por uns 15 minutos, até amaciar. Acrescente a salsinha, coloque em uma tigela grande, reserve.

Em outra panelinha, aqueça o restante da manteiga com a farinha e misture até obter uma pasta. Junte o leite, sal e, sem parar de mexer, deixe no fogo até ferver e engrossar. Junte o chuchu, acrescente o queijo, corrija o sal e deixe amornar por 10 minutos, enquanto o forno aquece a 180ºC (médio).

Unte com manteiga e polvilhe com farinha de rosca uma tigela média. Bata as claras em neve até ficarem bem firmes. Junte as gemas e o chuchu e, em seguida, com delicadeza, incorpore as claras em neve. Coloque tudo na tigela untada, polvilhe com um pouquinho de farinha de rosca e asse por uns 40 minutos, até crescer, dourar e firmar no centro. 

Fonte: Terra
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