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Jairo Bouer: Famosos já viveram relacionamentos abusivos. E você?

21 jul 2023 - 10h09
(atualizado às 10h23)
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Relacionamento abusivo: relatos de famosas ajudam a ligar o alerta
Relacionamento abusivo: relatos de famosas ajudam a ligar o alerta
Foto: iStock

A lista é grande: Xuxa, Gal Costa, Gabriela Prioli, Luiza Brunet, Palmirinha, Luana Piovani, Gretchen, Kéfera, Monica Iozzi, Titi Muller, Rihanna, Amy Winehouse, Mariah Carey, Tina Turner e até mesmo Madonna. Todas elas revelaram já ter vivido um relacionamento abusivo, e muitas foram inclusive vítimas de violência doméstica.

Por que será que mesmo pessoas famosas e empoderadas acabam passando por experiências tóxicas e podem enfrentar dificuldade em reconhecer e romper um ciclo de violência?

O tema voltou a ganhar evidência após uma matéria da revista Piauí expor aspectos da relação da falecida cantora Gal Costa com sua parceira Wilma Petrillo que sugerem um relacionamento abusivo e, também, em função do lançamento do documentário da Globoplay sobre a apresentadora Xuxa, que revela comportamentos abusivos da então empresária e diretora de TV Marlene Mattos em relação à vida e a à carreira da apresentadora.

Olhando pelo retrovisor do tempo ficam nítidas as experiências abusivas na vida dessas mulheres. Mas porque é tão difícil para tanta gente perceber que está em uma situação de abuso e, muitas vezes, mesmo cientes do que acontece, é tão demorado o rompimento do vínculo?

As várias formas de abuso

Relacionamentos abusivos não acontecem apenas na vida amorosa, eles podem existir entre amigos, familiares e mesmo no ambiente de trabalho. As formas de abuso também podem ser variadas: violência física, sexual, psicológica, moral ou ainda patrimonial ou financeira. Não é incomum que as vítimas enfrentem várias dessas formas de violência ao mesmo tempo.

Essas reflexões são importantes porque, de alguma forma, muita gente pode já ter vivido um relacionamento abusivo (que mesmo encerrado é tema complicado de se lidar) ou, ainda, muitas pessoas podem estar nesse exato momento nessa encruzilhada de dor e sofrimento de um lado, e de dependência e esperança de mudança do outro.

E mais, essa experiência pode acontecer com qualquer um de nós, homens ou mulheres, gays ou héteros, ricos ou pobres, brancos ou pretos, religiosos ou ateus. Embora, em uma sociedade machista, patriarcal, homofóbica, transfóbica e racista, as vítimas mais frequentes sejam mulheres, negras e trans.

Relacionamento abusivo não é somente o romântico; ele pode estar no trabalho, nas amizades e em outras esferas
Relacionamento abusivo não é somente o romântico; ele pode estar no trabalho, nas amizades e em outras esferas
Foto: iStock

Vínculo emocional e angústia

Uma marca comum aos relacionamentos abusivos é a presença de um forte vínculo emocional entre vítima e abusador, o que dificulta a percepção do que está acontecendo, e faz crescer a expectativa que as coisas melhorem.

Os abusos começam de forma mais discreta e vão ganhando corpo, frequência e intensidade. Não é um padrão contínuo, assim ciclos de violência e angústia se alternam com momentos de arrependimento, promessas de que nunca mais vai se repetir, juras de amor e compensações, entre outras possibilidades.

Com o passar do tempo, a vítima vai tendo sua autoestima e sua independência comprometidas. Ela pode passar a acreditar que não consegue viver sem o outro, já que sente que não consegue ou não tem capacidade de cuidar da sua vida e das suas decisões.

Isolamento

O abusador pode também dificultar o acesso da vítima a seus amigos e familiares, desqualificando os mesmos, o que acaba isolando ainda mais a pessoa. Em um determinado ponto, a vítima pode evitar, por conta própria, a aproximação com sua rede de apoio por sentir vergonha, culpa e medo das reações do parceiro.

O que inicialmente acontece apenas dentro de casa, pode passar a se repetir na rua, em público, na frente de conhecidos, o que reforça a sensação de abandono e de inferioridade por parte da vítima.

Da fase inicial de negação (na tentativa de evitar sofrimento emocional) até o momento de se admitir o que está acontecendo pode se passar um tempo considerável. E, muitas vezes, da percepção do abuso até a tomada de decisão para um rompimento é um passo ainda mais lento. O medo de retaliações, a dependência, o isolamento, a falta de apoio, o desamparo e a manipulação emocional por parte do

abusador são alguns dos fatores que podem explicar porque a ruptura se torna tão dolorosa.

Como saber?

Para quem tem dúvidas se está em uma relação abusiva é importante perceber como você se sente em relação ao outro, e como você se enxerga dentro do relacionamento. A gente separou alguns sinais que podem sugerir um relacionamento abusivo:

  • -Ciúme excessivo
  • - Humilhações
  • - Desprezo
  • - Insultos
  • - Controle
  • - Isolamento
  • -I nvasão de privacidade
  • - Desqualificação de ideias e sentimentos
  • - Ameaças
  • - Chantagem
  • - Violências
  • - Perda de autonomia
  • - Medo do outro

É importante entender que é possível sair de um relacionamento abusivo. Falar com alguém de confiança sobre o que está acontecendo é o primeiro passo, e pode marcar o final de um ciclo de submissão e silêncio. A pessoa começa a entender que não precisa depender de ninguém e pode repensar sua vida de outra forma.

O passo seguinte, dependendo do contexto, seria buscar ajuda profissional, o que pode incluir suporte de um especialista em saúde mental e, muitas vezes, da ajuda jurídica. Nesse texto da psicóloga Luísa Restelli, publicado aqui no Terra, você encontra informações importantes sobre como entender e como sair de um relacionamento abusivo.

Você pode, sim, virar esse jogo e dar um novo sentido à sua vida.

*Jairo Bouer é médico psiquiatra, comunicador e publica suas colunas no Terra Você às quintas-feiras.

Fonte: Redação Terra Você
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