O que fazer para os jovens serem mais felizes?
Classicamente, a juventude é considerada uma das fases mais felizes da vida. O que poderia explicar o mal-estar dos jovens contemporâneos?
A Finlândia é, pelo oitavo ano consecutivo, o país mais feliz do mundo segundo o World Happiness Report, um ranking que avalia fatores como suporte social, renda, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção para determinar os níveis de felicidade dos países. EUA, Reino Unido e Alemanha ficaram fora do top 20.
E como estão os jovens nesse ranking? Vão mal!
Uma análise mais profunda do relatório revela uma tendência preocupante: os jovens, especialmente da Europa Ocidental e da América do Norte, relatam níveis de bem-estar mais baixos em comparação com outras faixas de idade.
Curioso notar que, classicamente, a juventude é considerada uma das fases mais felizes da vida. O que poderia explicar esse mal-estar dos jovens contemporâneos?
Questões como pressões sociais, guerras, polarização politica, incertezas econômicas, impacto das redes sociais, solidão e desafios relacionados à saúde mental desempenham papéis significativos nesse cenário.
E o que poderíamos fazer para promover o bem-estar entre os jovens?
1. Fortalecimento de políticas públicas de saúde mental: derrubar estigmas e tabus que ainda cercam a questão da saúde mental e investir em serviços acessíveis e de qualidade, garantindo que os jovens tenham suporte adequado. Estilo de vida mais saudável e manejo do estresse são aliados importantes nessa jornada.
2. Educação socioemocional em casa e nas escolas: É importante que pais e professores possam conversar com os jovens, desde cedo, sobre suas emoções. Implementar programas que desenvolvam habilidades emocionais e sociais nas escolas pode preparar os jovens para lidar com desafios e adversidades. Educação de qualidade, inclusiva e equitativa é um fator poderoso de transformação.
3. Promoção de ambientes digitais saudáveis: O mundo digital, sobretudo as redes sociais, virou um palco central nas interações dos jovens com seus pares e com a sociedade. Seria importante incentivar e promover o uso consciente das redes sociais e combater o cyberbullying, criando espaços online mais seguros. Moderar o uso das tecnologias e ter mais contato com a natureza, além de criar espaços na rotina para o lazer, é um dos caminhos.
4. Criação de oportunidades econômicas: diante das incertezas econômicas, os jovens sofrem, principalmente os que enfrentam maior vulnerabilidade social. Desenvolver políticas que facilitem o ingresso dos jovens no mercado de trabalho e que incentivem sua capacitação e empreendedorismo é fundamental.
5. Fomento à participação comunitária: A vida cada vez mais solitária desses jovens é um desafio. Eles estão conectados o tempo todo, mas podem estar enfrentando uma percepção crescente de isolamento e exclusão. Estimular o engajamento dos jovens em atividades comunitárias e voluntariado, fortalecendo o senso de pertencimento e propósito é uma saída.
O Brasil melhorou algumas posições no ranking em relação ao ano passado, indo do 44º para o 36º, mas segue em uma posição intermediária. Ainda existe muito trabalho a ser feito por aqui para que nossos jovens e a população como um todo percebam uma melhora nos seus índices de felicidade. Mãos à obra!
Jairo Bouer é médico psiquiatra e escreve semanalmente no Terra.