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Por que Jesus foi crucificado cinco dias depois de entrar aclamado em Jerusalém?

Jesus é recebido com festa no domingo, mas durante a semana desafia o poder romano, até ser preso e morto na sexta

18 abr 2025 - 04h59
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Resumo
Jesus foi crucificado após confrontar elites religiosas e o poder romano, realizando atos simbólicos de protesto durante a Semana Santa. Sua trajetória revela tensões político-religiosas em Jerusalém, marcando um embate entre justiça divina e opressão terrena.
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, encenação teatral em Brejo da Madre de Deus, estado de Pernambuco.
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, encenação teatral em Brejo da Madre de Deus, estado de Pernambuco.
Foto: Divulgação

Jesus Cristo foi de aclamado a crucificado em cinco dias porque comprou briga com os ricos e poderosos, que foram rápidos em executar um líder popular judeu que ameaçava o domínio romano. Por isso, o profundo significado de suas ações na Semana Santa é religioso e político.

“Ele colocou um alvo nas costas e outro no peito”, diz André Leonardo Chevitarese, professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, o que Jesus fez entre o Domingo de Ramos e a Sexta-Feira Santa certamente teria resultado trágico.

Desafiar os poderosos de Jerusalém fez Jesus virar alvo dos romanos, que o perseguiram implacavelmente.
Desafiar os poderosos de Jerusalém fez Jesus virar alvo dos romanos, que o perseguiram implacavelmente.
Foto: Divulgação Paixão de Cristo de Nova Jerusalém

“Do ponto de vista teológico, nada deu errado”, diz Frei David, franciscano, fundador da Educafro. Mas, do ponto de vista humano e político, Jesus confrontou a elite romana. Ao expulsar os comerciantes do templo, realizou “uma ação altamente atrevida e com forte carga simbólica, desafiando a corrupção religiosa”, explica o frei.

Para o pesquisador da UFRJ, o fato de Jesus entrar montado em um jumento por uma das portas de Jerusalém, aclamado pelo povo pobre, enquanto Pilatos entrava por outra, com seu exército, “representa simbolicamente a contradição de uma cidade grande, a demanda por mudanças drásticas no cenário de exploração”, diz Chevitarese.

Frei David diz que o foco da pregação de Jesus é a ação e envolve pensar no comunitário concretamente.
Frei David diz que o foco da pregação de Jesus é a ação e envolve pensar no comunitário concretamente.
Foto: Marcos Zibordi

Uma semana desafiando o poder de César

Jesus arriscou o pescoço na Semana Santa. Publicamente, chamou os líderes religiosos de “hipócritas”; falou do fim de Jerusalém e da construção da justiça, causando agitação popular. “Ele sabia com quem estava mexendo e sabia que sua missão unia o material e o espiritual”, diz frei David.

Apesar da postura, que incluía críticas ao próprio povo judeu, Jesus era um homem de paz, não pregava a revolução armada. “Aos olhos de muitos, ele deixou de ser o herói prometido e passou a ser mais um profeta incômodo”, explica o frei.

André Leonardo Chevitarese, professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
André Leonardo Chevitarese, professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Foto: arquivo pessoal

Para o cientista da UFRJ, Jesus toma a iniciativa de criar uma confusão dentro do coração pulsante de Jerusalém, a grande caixa forte dessa elite judaica. “Vira um cabra marcado para morrer”. Chevitarese lembra que, embora a cidade estivesse em festa, a situação era tensa.

“Jerusalém é um rastilho de pólvora. Vai explodir, não porque a festa é ruim, mas pela lembrança da liberdade. Politicamente, Israel não é livre, os judeus celebram algo num contexto de subordinação”. Estão em situação semelhante à que estavam no Egito, de onde se libertaram a duras penas.

Jesus cobrava a postura dos poderosos, dos religiosos, do povo judeu. Durante uma semana, agitou Jerusalém, expondo desigualdades.
Jesus cobrava a postura dos poderosos, dos religiosos, do povo judeu. Durante uma semana, agitou Jerusalém, expondo desigualdades.
Foto: Paixão de Cristo de Nova Jerusalém

Da prisão à cruz em poucas horas

No final da semana, a situação de Jesus estava por um fio. Entre quinta e sexta-feira, vai ser delato por Judas, preso, julgado, torturado e crucificado. Para Chevitarese, apóstolos como Marcos, Mateus e Lucas “vão explicar como um homem bom, Jesus, conheceu a morte de um homem mal”.

Isso porque, na lei romana, crucificados são estupradores, escravos que assassinam seus senhores ou se revoltam contra o sistema escravista, fraudadores de testamentos, além de sujeitos que atentam contra a ordem do império – o caso de Jesus.

Na Última Ceia, Jesus anuncia que será traído. Da delação de Judas à crucificação, foram poucas horas.
Na Última Ceia, Jesus anuncia que será traído. Da delação de Judas à crucificação, foram poucas horas.
Foto: Paixão de Cristo de Nova Jerusalém

Jesus é preso no Monte das Oliveiras, no início da madrugada de sexta. A mesma multidão que o acolheu com ramos “talvez estivesse agora influenciada”, clamando pela crucificação, diz frei David. “Aqui se repete uma das coisas mais graves na política brasileira e mundial: manipulação da consciência popular a partir dos interesses dos opressores, gerando espírito de massa”.

Julgamento, martírio e crucificação acontecem muito rápido e, por volta de três horas da tarde de sexta-feira, Jesus está crucificado. “Toda semana é caracterizada pelo reino de Deus, onde a justiça é plena, em oposição à injustiça do reino de César. Aquele alvo que Jesus colocou nas costas e no peitoral, a conta chegou”, conclui o pesquisador da UFRJ.

Fonte: Visão do Corre
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