Parlamentares britânicos pedem extradição de Assange para a Suécia
Mais de 70 deputados assinam carta pedindo que Londres priorize possível pedido de autoridades suecas envolvendo acusação de estupro. EUA pedem extradição do australiano, o acusando de ajudar a roubar segredos de Estado.Mais de 70 parlamentares britânicos assinaram uma carta pedindo ao Ministério do Interior do Reino Unido para fazer "todo o possível" para permitir o envio de Julian Assange à Suécia, caso as autoridades suecas peçam sua extradição por um suposto caso de estupro, antes que ele seja enviado aos Estados Unidos.
Assange, de 47 anos, permanece em uma prisão britânica. O australiano foi detido na última quinta-feira na Embaixada do Equador em Londres, onde estava refugiado há quase sete anos, por descumprir as condições de liberdade condicional em 2012 e por uma solicitação de extradição das autoridades dos EUA.
Na carta - divulgada neste sábado (13/04) e assinada em sua maioria por deputados trabalhistas -, os parlamentares pedem ao ministro de Interior, Sajid Javid, que priorize um eventual pedido de extradição da Suécia para "investigar adequadamente" uma denúncia de estupro que prescreverá em agosto de 2020.
A advogada da mulher que acusa Assange de estupro pediu a reabertura do caso. O Ministério Público da Suécia não descarta reabrir a investigação contra o jornalista e ativista pelo suposto crime sexual.
A investigação original, pela qual Estocolmo pedia a entrega de Assange, foi encerrada em 2017, diante da impossibilidade de fazê-la avançar com o ativista refugiado na embaixada do Equador.
Na carta, os deputados pedem a Javid que defenda as "vítimas da violência sexual" e permita que as acusações sejam devidamente investigadas.
"Não presumimos a culpabilidade, certamente, mas acreditamos que o devido processo deveria ser seguido e a denunciante deveria ver que se faz justiça", escrevem os parlamentares. O texto foi compartilhado no Twitter pela deputada trabalhista Stella Creasy.
A carta sugere que as autoridades britânicas e americanas sabiam que o Equador iria retirar o asilo político do ativista australiano.
"Parece que as autoridades suecas não estavam a par dos planos da detenção de Assange em Londres", dizem os parlamentares na carta, e acrescentam que agradeceriam se houvesse clareza sobre se os procuradores suecos foram informados com antecedência sobre a decisão.
Por sua vez, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, pediu na sexta-feira que Assange não seja extraditado aos EUA.
"O governo britânico deveria se opor à extradição de Julian Assange aos EUA por revelar provas das atrocidades no Iraque e no Afeganistão", escreveu Corbyn na sua conta no Twitter.
Os EUA pedem a extradição de Assange, a quem acusam de conspiração com Chelsea Manning - militar presa por acessar e divulgar informações sigilosas que resultaram no escândalo conhecido como Cablegate - para hackear a senha de uma rede de computadores do governo.
Um tribunal em Londres o considerou culpado nesta quinta-feira de ter violado as condições de liberdade condicional em 2012, tornando-o passível de ser condenado a uma pena de até 12 anos de prisão.
MD/afp/efe/dpa
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