Tchecos votam em eleição que pode devolver populista ao poder
Pesquisas apontam bilionário Andrej Babis como favorito
Mais de 8 milhões de tchecos foram convocados às urnas entre sexta-feira (3) e sábado (4) em uma eleição geral que pode derrubar o governo de centro-direita do país e marcar o retorno do bilionário populista Andrej Babis ao poder, mesmo sem maioria.
Ao todo, 26 partidos, com 4.463 candidatos, disputam as 200 cadeiras do Parlamento, mas apenas sete têm chances reais de ultrapassar o limite de 5% necessário para entrar na assembleia.
Segundo as pesquisas de opinião, o favorito a vencer o pleito é a formação populista liberal ANO, liderado pelo ex-primeiro-ministro Babis, que desafia a atual coalizão governista Spolu, do premiê Petr Fiala, composta por três partidos de centro-direita: Democratas Cívicos (ODS), Top 09 e o Partido Popular (KDU-CSL).
As seções eleitorais ficarão abertas nesta sexta, das 14h às 22h, e amanhã (4), das 10 às 14h (horário local). A contagem dos votos começará imediatamente após o fechamento das urnas, e os primeiros resultados são esperados por volta das 18h deste sábado.
Mais de 27,5 mil tchecos se registraram para votar no exterior, incluindo aproximadamente 11 mil que solicitaram o voto por correio.
Uma possível vitória de Babis reforçaria o campo populista anti-imigração da Europa e poderia complicar o consenso sobre políticas climáticas em um país onde nenhum governo em exercício conquistou um segundo mandato desde 1996.
Os tchecos sofreram picos de inflação após a crise da Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia e tiveram uma recuperação lenta de uma das piores quedas de renda real da Europa, o que prejudicou a popularidade da coalizão governista.
Poucas horas antes da abertura das urnas, os candidatos fizeram apelos de última hora aos eleitores. Inclusive, Babis distribuiu donuts na cidade industrial de Ostrava.
"Queria pedir aos nossos eleitores que não pensem que já vencemos. Podemos perder facilmente. Quero pedir que compareçam às eleições e nos apoiem", apelou o populista na região marcada pelo declínio demográfico e pelo envelhecimento da população, onde é muito respeitado.
"Poderemos considerar sucesso quando vencermos e conseguirmos obter a maioria na Câmara dos Deputados e ter um governo de partido único", concluiu ele durante a distribuição de donuts.